Acompanhado de uma banda, um pastor decidiu fazer um culto em cima de um trio elétrico, na cidade paraibana de Bayeux (10 km de João Pessoa), descumprindo um decreto estadual e aglomerando pessoas pelo percurso.
Por conta do ato, que aconteceu no último dia 17, o Ministério Público da Paraíba propôs uma representação criminal contra Eron Tiago Carvalho da Cruz, que também responderá na esfera civil.
Segundo o Ministério Público, Eron, que é morador de Recife (PE) e faz pregações em diversos estados do Nordeste, anunciou o culto nas suas redes sociais, afirmando que o ato seria realizado num local para 100 carros em Bayeux.
No dia do culto, o pastor recebeu uma ligação da Polícia Militar, sendo avisado que a realização de cerimônia violaria o decreto estadual 40.242/2020, que entrou em vigor no dia anterior e que impede a realização de cultos na Paraíba até o dia 31 de maio.
Com o aviso da PM, Eron teve a ideia de realizar o culto de forma itinerante. Em cima de um trio elétrico e cercado de uma banda – alguns usando a máscara abaixo da boca –, o pastor percorreu as ruas de Bayeux, sendo seguido por uma carreata e recebendo a atenção de pessoas nas portas de suas casas.
Na denúncia, o MP apontou que Bayeux, que tem uma população de 96.880 mil habitantes e é um dos municípios mais carentes da Paraíba, tinha 94 casos confirmados de coronavírus e nove mortes. Os últimos dados do município afirmam que a cidade conta com 191 casos e 14 mortes.
Segundo a promotora Fabiana Lobo, Eron infringiu o artigo 268 do Código Penal, que diz: “Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa". A pena prevista é de reclusão de um mês a um ano, e multa.
"Encaminhamos a denuncia criminal para o Juizado Especial Criminal de Bayeux e, no âmbito administrativo, também acionamos a Procuradoria-Geral do Estado da Paraíba, para possível aplicação das sanções, pois o pastor também descumpriu um decreto estadual que pode gerar o pagamento de multa", disse a promotora ao BuzzFeed News.
Ao tomar conhecimento da ação do MP, Eron foi as redes sociais e afirmou que sofre perseguição religiosa.
O BuzzFeed News tentou contato com a igreja que o pastor representa e com o próprio pastor, por meio das redes sociais, mas não obteve resposta até a publicação deste post.
"De forma alguma isso se trata de perseguição. O próprio Estado tomo uma medida, que é emergencial. Eu entendo e concordo com a garantia do direito da liberdade. Mas, antes disso, precisamos garantir o direito à vida", disse Fabiana.