Durante o depoimento da deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) na CPI mista das Fake News nessa quarta-feira (4), aconteceu uma cena pouco comum: a ex-líder do governo Bolsonaro foi atacada por uma colega de partido e, na sequência, defendida por uma deputada do PT.
A deputada, eleita por São Paulo com mais de um milhão de votos e que participou ativamente da campanha do presidente Jair Bolsonaro, falou, por diversas vezes, sobre os xingamentos que sofreu na internet após romper com o governo.
Durante sua fala, Bia Kicis (PSL-DF), afirmou que Joice usava a CPMI como uma forma de censurar "críticas e memes".
"O que eu vi até agora foi a deputada Joice tratar essa CPMI como a 'CPMI do Não falem de mim', a 'CPMI do Não façam memes', porque tudo que ela falou aqui não tem nada de fake news. Ela falou de injuria, possivelmente alguma calúnia, e todos nos somos sujeitos a isso. E claro que se crime for cometido, existe o fórum próprio para tratar disso", disse Bia.
A deputada, que é defensora ferrenha do bolsonarismo, concluiu seu discurso sugerindo que Joice estava se aliando a esquerda.
"Se eu perguntasse a deputada Joice Hasselmann quanto tempo falta pra ela gritar 'Lula Livre!' isso seria uma fake news, isso seria uma indagação, ou isso seria o meu direito de liberdade de expressão?".
Na sequência, foi a vez da deputada Luizianne Lins (PT-CE). Antes de fazer perguntas à Joice, ela fez um discurso em sua defesa.
"Queria dizer que tenho divergências com vossa excelência na política, sou de esquerda, sou jornalista e tenho divergências também profissionais, mas quero me solidarizar com vossa excelência por ser mulher, por ser mãe e, como vossa excelência, também sou atrevida".
Luizianne, que é ex-prefeita de Fortaleza, finalizou seu discurso atacando o machismo sofrido por Joice.
"O que acho mais grave, em especial, são mulheres, como nós, que promovem xingamentos e deputadas aqui, que estão aqui na sala e que se comportaram como nenhuma de nós, da oposição faria, porque a gente aprendeu a respeitar a condição da mulher e lutar contra esse machismo".
Joice chegou a interromper o discurso de Luizianne para concordar com a colega.
Ainda durante o depoimento à CPI das Fake News, Joice disse que o também deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente da República, é um dos líderes da "milícia digital" bolsonarista e do que ela chamou de "gabinete do ódio", grupo que atua no Palácio do Planalto para minar reputações de adversários.