A drag queen Drag Verona fez uma performance no interior de São Paulo montada com uma fantasia de representante da Ku Klux Klan (KKK), organização racista que perseguia negros nos Estados Unidos, e gerou uma série de críticas nas redes sociais — não só a ela, mas também aos organizadores do evento.
A apresentação de Verona aconteceu no último dia 26, na festa "A Paradinha - The Walking Drag", em Piracicaba, organizada pela ONG Casvi (Centro de Apoio e Solidariedade à Vida), voltada para o público LGBTI+.
Segundo relatos no Twitter, a drag tira a roupa em alusão a KKK no final de sua performance e mastiga a cabeça de uma boneca negra.
Na terça-feira (5), a organização do evento emitiu uma nota dizendo que não tinha informações prévias de como seria a performance de Verona e que a drag pediu desculpas logo depois da apresentação, alegando que se tratava de uma "proposta crítica".
"Nós não solicitamos previamente que as artistas que se apresentam em nossas festas nos informem sobre o conteúdo das performances, pois acreditamos que todas as artistas envolvidas, sejam drags ou DJs, entendem que não devem apresentar conteúdos discriminatórios contra nenhuma minoria ou qualquer outro grupo em nossos eventos e nenhum outro", dizia a nota da Casvi.
"Qualquer pessoa que conheça o trabalho que realizamos em prol das populações vulneráveis de Piracicaba conhece os valores que pautam nossa atuação. Reduzir 27 anos de história de luta social por um episódio que não estava sobre nosso controle não é a melhor forma de resolver o problema", continuava a nota da entidade.
Inicialmente, Verona publicou um post na sua página no Facebook dizendo que sua intenção era fazer uma performance "satanista, onde eu traria o apocalipse através de várias coisas". Sobre a boneca de bebê negro, a drag se justificou dizendo que foi a mais barata encontrada por ela.
Na sequência, ela apagou as justificativas e publicou uma outra nota: "Eu não mensurei e não tive noção do quão isso seria ofensivo, visto que procurei saber mais sobre ela [a KKK] após a repercussão e percebi o quão insensível eu fui ao abordá-la dentro da performance, pela história de sangue e morte que esta seita carrega sobre suas mãos".
O episódio gerou vários comentários de reprovação nas redes sociais.
Por conta do caso, Urias, cantora negra e trans que foi convidada pela ONG a participar da Parada LGBTI+ de Piracicaba, prevista para o dia 10 de novembro, cancelou sua participação no evento.