Na noite de terça-feira (25), a jornalista Vera Magalhães, do Estadão, revelou que o presidente Jair Bolsonaro compartilhou vídeos endossando manifestações em 15 de março em apoio a seu governo e contra instituições como o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal).
Os conteúdos fazem uma defesa do presidente contra os "inimigos da pátria".
Na manhã desta quarta-feira (26), Bolsonaro foi às redes sociais dizer que que troca mensagens era de cunho pessoal com "amigos" no WhatsApp e que "qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República". O presidente não negou o envio dos vídeos.
Porém, enquanto o presidente negava que os atos fossem de confronto com o Congresso e o Supremo, seus apoiadores nas redes sociais não pareciam esconder essa intenção.
Na internet, sobraram memes atacando Congresso e STF.
Os ataques são direcionados, principalmente, aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Muitos apoiadores também lembraram da fala recente do general Augusto Heleno, chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), que afirmou que o Congresso faz "chantagem" com o Executivo na divisão do dinheiro do Orçamento impositivo.
Parte do discurso que se vê nas redes sociais foi verbalizado pelo humorista Batoré, que, em vídeo divulgado no domingo (23), pregou o fechamento do Congresso e do STF.
Em 2018, Batoré disputou uma vaga para a mesma Câmara dos Deputados que, hoje, ele quer ver fechada.
Oposição vê crime de responsabilidade e fala em pedido de impeachment
A divulgação a amigos de um vídeo convocando a população para manifestações contra o Congresso e o STF é um caso concreto de crime de responsabilidade, disse o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS).
Por isso, um pedido de impeachment contra o mandatário deve ser apresentado, afirmou Pimenta, que fez questão de destacar a lei dos crimes que levam ao impeachment. Diz o texto legal:
“Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: I - a existência da União; II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação”.
Segundo Pimenta, Bolsonaro já havia praticados diversas ofensas contra o Legislativo, mas de forma abstrata. De maneira concreta, ainda segundo o deputado, esta foi a primeira vez.
Posição semelhante à do petista tem o líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ). "Temos que parar Bolsonaro! Basta! As forças democráticas deste país têm que se unir agora. Já! É inadiável uma reunião de forças contra esse poder autoritário. Ou defendemos a democracia agora ou não teremos mais nada para defender em breve”, escreveu em nota.
Quem também se manifestou sobre a mais recente polêmica de Bolsonaro foi o líder do Cidadania na Câmara, Arnaldo Jardim (SP).
"A atitude do presidente da República é um ataque às instituições. Constitui um descumprimento do compromisso constitucional que tem um presidente da República de respeitar os demais Poderes da República."