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Bolsonaro acusa Moro de condicionar chefia da PF a vaga no STF e admite que recebeu cheque de Queiroz

Por iniciativa própria, presidente deu informação inédita até agora: "Não foi uma ou duas vezes que ele teve dívida comigo e me pagou com cheques. E não veio para minha conta porque simplesmente deixei no Rio."

Na pior crise de seu governo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) apareceu cercado de ministros e fez um discurso de 43 minutos, recheado de improvisos e falou de improviso. O presidente negou que tenha pedido informações de inquéritos em andamento e acusou o ex-ministro Sergio Moro, que pediu demissão nesta sexta, de ter tentado condicionar a saída de Maurício Valeixo da chefia da Polícia Federal pela indicação ao STF.

"Mais de uma vez, o senhor Sergio Moro me disse: 'Você pode trocar o Valeixo, sim, mas em novembro, depois que o senhor me indicar ao Supremo Tribunal Federal'. Me desculpe, mas não é por aí. Reconheço suas qualidades, se um dia chegar lá, pode fazer um bom trabalho, mas eu não troco. É desmoralizante para um presidente ouvir isso", disse Bolsonaro.

Pela manhã, quando acusou o presidente de tentar interferir politicamente na Polícia Federal, Moro disse que jamais discutiu ou negociou a nomeação ao Supremo Tribunal Federal. Moro rebateu o ex-presidente, pelo Twitter, na sequência:

A permanência do Diretor Geral da PF, Maurício Valeixo, nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação para o STF. Aliás, se fosse esse o meu objetivo, teria concordado ontem com a substituição do Diretor Geral da PF.

Enquanto o presidente fazia seu pronunciamento, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao STF que seja aberto um inquérito para apurar as acusações feitas por Moro contra Bolsonaro.

No pedido, Aras apontou a eventual ocorrência dos crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça e corrupção passiva – caso as acusações de Moro sejam confirmadas. Aras também apontou a possibilidade de denunciação caluniosa e crime contra a honra, na hipótese de Moro não ter provas das acusações que fez.

Bolsonaro iniciou seu discurso dizendo que estava decepcionado com seu ex-ministro. O presidente afirmou que, em café da manhã com parlamentares, já previa que Moro o atacaria.

"Hoje pela manhã, meia dúzia de deputados tomaram café comigo. Eles estão à vontade se quiserem falar ou não. Eu lhes disse: 'Hoje, vocês vão conhecer quem realmente não me quer na cadeira presidencial. Esse alguém não está no poder Judiciário, nem está no Parlamento. Não lhes disse o nome, falei só que iriam conhecê-lo às 11h da manhã [horário da coletiva de demissão do agora ex-ministro]. Se ele quer ter independência como eu tenho, poderia vir candidato em 2022", disse Bolsonaro.

Bolsonaro também procurou desmentir Moro sobre a exoneração de Maurício Valeixo como diretor-geral da PF. O ex-ministro afirmou que Valeixo não tinha conhecimento da exoneração conforme ela ocorreu. O presidente afirmou que comunicou o ex-diretor ontem e recebeu dele uma resposta positiva.

"A noite [de ontem], eu e o doutor Valeixo conversamos por telefone e ele concordou com a exoneração a pedido. Desculpe, senhor ministro, o senhor não vai me chamar de mentiroso. Não existe uma acusação mais grave para um homem como eu".

O cheque do Queiroz

Bolsonaro falou de improviso a maior parte do tempo e foi desconexo em alguns momentos. Ele citou sua ordem para mandar desligar o aquecedor da piscina olímpica do Alvorada e reclamou do Inmetro por sugerir a troca de tacógrafos.

Em um trecho da fala improvisada, Bolsonaro trouxe à tona o caso de Fabrício Queiroz, ex-chefe de gabinete de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio e contou que ele próprio havia recebido um cheque do homem apontado como o pivô de um esquema de pagamentos ilegais dentro do gabinete de Flávio Bolsonaro quando este era deputado estadual.

“Eu conheço o Queiroz desde 1984, no 8º Grupo de Campanha Paraquedista. Foi pra Polícia Militar depois de um tempo, fizemos amizade, ele veio trabalhar comigo e com meu filho [Flávio]. O que, por ventura, ele faz, ele responde pelos seus atos", disse o presidente.

Em seguida, por iniciativa própria, deu uma informação inédita até agora: "Não foi por uma, foi por duas vezes que ele teve divida comigo e me pagou com cheques. E não veio para minha conta porque simplesmente deixei no Rio de Janeiro, se não estaria na minha conta. E não foram R$24 mil, foram R$40 mil, desde o primeiro momento.""

"Não é porque uma pessoa, por ventura, faz algo de errado e está do nosso lado, você tem que ser responsabilizado e o tempo todo ser cobrado por isso. Nunca pedi para blindar ninguém da minha família, jamais faria isso”.

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