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A taxa básica de juros despencou, mas o cheque especial continua nas alturas

Enquanto a Selic atingiu seu menor valor histórico, de 7% ao ano, o cheque especial cobrado pelos grandes bancos segue acima de 300%.

A Selic é uma espécie de referência para todo o mercado de empréstimos no país. Essa taxa é cobrada numa modalidade de investimentos chamada Tesouro Direito, que é quando o governo pega dinheiro emprestado e, em troca, paga juros.

Mas essa taxa é tão importante que acaba sendo um guia para todo o mercado. Não por acaso, é chamada de taxa básica de juros. Desde outubro de 2016, a Selic vem sofrendo uma forte queda. É uma tentativa do governo de baratear o crédito e, com isso, incentivar o consumo e alavancar a economia.

Esse é o gráfico que mostra a evolução da Selic, quando ainda estava em 14%. Hoje, ela está no menor valor histórico: 7% ao ano.

Com essa queda, os bancos vêm divulgando que estão diminuindo os juros. Esse, por exemplo, foi um comunicado do Banco do Brasil.

Mas um levantamento do BuzzFeed News mostra duas coisas: apesar dessas quedas, o juros no cheque especial continua caríssimo e quase nada mudou com as quedas da Selic. Há casos, inclusive, em que a taxa subiu.

Cheque especial, para quem tem a sorte de não saber, é aquele crédito automático que os bancos deixam à disposição quando a conta fica no vermelho.

Se você emprestar R$ 100 para o governo, como é o caso do Tesouro Direto, isso (abaixo, à esquerda) é o que você vai ganhar no fim de 12 meses. Mas, se você pegar R$ 100 no cheque especial, esse é o tamanho da sua dívida com os bancos depois de um ano (à direita).

Esse cálculo é simplificado, de forma a ilustrar como a Selic está baixa, a ponto de render apenas R$ 7, enquanto no cheque especial uma dívida de R$ 100 pode quadruplicar.

Esse empréstimo de dinheiro, além desse caso para o governo, pode acontecer com os próprios bancos. Um exemplo clássico é o cidadão que "empresta" dinheiro para o banco deixando na poupança e recebendo juros ainda menor que a Selic. Aí o banco pega esse dinheiro e repassa para outro cliente, com taxas mais altas.

Na média, os grandes bancos cobram hoje acima de 300% ao ano no cheque especial. Abaixo estão as taxas médias dos grandes bancos no cheque especial quando a Selic começou a cair, em outubro de 2016, e os dados mais recentes.

Aqui, lado a lado, a diferença entre o cheque especial e a taxa básica de juros.

Selic vs. cheque especial

Procurados, os bancos dizem que oferecem taxas mais baratas, em outras modalidades, quando o cheque especial passa a ser usado com frequência.

Caixa e Banco do Brasil. por coincidência, são dois bancos públicos e subiram as taxas médias do cheque especial.

O Banco do Brasil não quis se manifestar.

A Caixa disse que cobra também taxas mais baixas, como 2,09% ao mês, a depender do relacionamento com o cliente. "O cheque especial é destinado a cobrir despesas emergenciais, por períodos curtos. Para as demais situações, com utilização específica ou por períodos maiores, a Caixa disponibiliza aos seus clientes diversas linhas de crédito parcelado, de acordo com a necessidade ou projeto de cada um."

O Bradesco, por sua vez, também disse que oferece outras linhas para prazos mais longos. "É importante observar que trata-se de uma linha para ser utilizada em situações emergenciais, pois é uma linha de curto prazo, de simples contratação, sem garantias adicionais e com limite pré-aprovado. Para outros objetivos, o Bradesco disponibiliza diferentes opções de crédito, com prazos e condições mais atrativas, que consideram o nível de risco e relacionamento do cliente."

O Itaú ressaltou que a Selic não é o único fator que compõe o cálculo da taxa a ser cobrada. O banco disse ainda que oferece outras modalidades, mais baratas, quando o uso do cheque passa a ser recorrente. "As taxas cobradas também dependem de outros fatores que vão além da queda da taxa básica de juros, como o perfil do cliente e sua capacidade de pagamento. O cheque especial é uma linha de crédito para ser utilizada em situações emergenciais e por um curto período de tempo. Atualmente, a média de utilização do produto no Itaú Unibanco é inferior a 30 dias."

O Santander foi o único banco que escalou um porta-voz para se manifestar. O banco cobra a maior taxa média, acima de 400% ao ano, mas oferece até 10 dias sem juros no cheque especial. Segundo Eduardo Jurcevic, superintendente executivo de produtos de créditos para a pessoa física, o banco há três anos passou a oferecer outros créditos para quem usasse o cheque especial.

"É importante ver o que o consumidor está tomando como crédito. A carteira de cheque cresceu 6% e os consignados cresceram 60%. O banco ativamente liga para o cliente para oferecer um parcelado, mais barato. O cheque especial representa 3% da carteira", disse Jurcevic.

Os bancos dizem ainda que conscientizam os clientes sobre o uso correto do crédito.

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