“O Brasil de Paulo Guedes se resume à avenida Faria Lima”, diz líder do centrão

    "Ele não tem nenhuma sensibilidade social e pensa que tudo pode ser resolvido na base do mercado", diz Arthur Maia (DEM-BA), que foi relator da reforma da Previdência de Temer. Para ele, propostas de Guedes são "insanidade."

    Os embates entre o governo de Jair Bolsonaro e o centrão ao longo da votação da Medida Provisória de reestruturação dos ministérios deixaram cicatrizes e mágoas que talvez não possam ser superadas.

    A avaliação é do deputado Arthur Maia (DEM-BA), que foi o relator da reforma da Previdência no governo de Michel Temer e hoje é um dos principais líderes do chamado centrão na Câmara – o consórcio do DEM, PP, MDB, PSD, PR, PRB e Solidariedade.

    Ainda irritado com a falta de articulação do governo e com os ataques do PSL de Jair Bolsonaro aos parlamentares, Maia fez um desabafo sobre o que pensa do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do que chama de incapacidade do presidente em aplicar um filtro político e social às propostas da equipe econômica.

    "Ele não tem nenhuma responsabilidade social ou sensibilidade e pensa que tudo pode ser resolvido na base do mercado", afirmou.

    “A cada dia que passa eu me convenço mais de que o Brasil de Paulo Guedes se resume à Faria Lima, onde está o mercado financeiro nacional", disse Maia.

    "Querer trazer o BPC [Benefício de Prestação Continuada] na reforma da Previdência é uma insanidade. Não é possível que alguém acredite que o rombo é por terem pessoas que recebem um salário mínimo aos 65 anos por não terem nada ou por serem portadoras de deficiência. Não é possível que alguém minimamente sensível pense que elas sejam responsáveis pela falência”, disse.

    Maia também disse que o sistema de capitalização proposto por Guedes significa o fim da previdência pública no Brasil. Afirmou ainda que há dois problemas insuperáveis, na opinião dele: o desemprego e a falta de dinheiro para que quem possui um trabalho faça sua capitalização.

    “A capitalização significa o fim da previdência pública no Brasil. As pessoas só podem capitalizar quando têm emprego. E como uma pessoa que ganha salário mínimo vai fazer capitalização? Dois terços dos brasileiros no regime de Previdência ganham até dois salários mínimos, como vai fazer?”, questionou.

    Maia disse que nos governos anteriores, citando FHC, Lula e Temer, nenhum deles era economista, mas tinham habilidade para balancear interesses sociais em projetos que se afastavam da realidade nacional por serem feitos unicamente em cima das expectativas do mercado — ao contrário, diz ele, do que faz Bolsonaro.

    “Estamos diante de um ministro da fazenda com superpoderes. Em outros momentos vimos Lula e FHC, Temer... Nenhum é economista, mas todos tinham interface para, quando o ministro da Fazenda levava algo, terem uma posição que mesclava a política e o social com a economia. O Bolsonaro não. Ele entregou, terceirizou a gestão desse assunto ao Guedes, que é um homem que em sua cabeça o Brasil se resume à Faria Lima”, disse.

    Utilizamos cookies, próprios e de terceiros, que o reconhecem e identificam como um usuário único, para garantir a melhor experiência de navegação, personalizar conteúdo e anúncios, e melhorar o desempenho do nosso site e serviços. Esses Cookies nos permitem coletar alguns dados pessoais sobre você, como sua ID exclusiva atribuída ao seu dispositivo, endereço de IP, tipo de dispositivo e navegador, conteúdos visualizados ou outras ações realizadas usando nossos serviços, país e idioma selecionados, entre outros. Para saber mais sobre nossa política de cookies, acesse link.

    Caso não concorde com o uso cookies dessa forma, você deverá ajustar as configurações de seu navegador ou deixar de acessar o nosso site e serviços. Ao continuar com a navegação em nosso site, você aceita o uso de cookies.