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Imagens e relatos mostram agressões a jornalistas durante a cobertura da prisão de Lula

Jornalistas foram alvo de agressões físicas e verbais, inclusive durante entradas ao vivo — a maioria foi registrada em vídeos ou fotos. Sindicato dos Jornalistas, cujo presidente discursou no caminhão de som de Lula, pôs a culpa na linha editorial dos veículos.

Mais de 10 casos de violência física e verbal contra jornalistas aconteceram durante a cobertura pela imprensa da prisão do ex-presidente Lula (PT). A maioria ocorreu no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde o petista ficou de quinta a sábado.

Ainda na noite de quinta (5), quando Lula chegou ao sindicato, os primeiros casos já foram registrados. O fotógrafo Nilton Fukuda, do jornal O Estado de S. Paulo, foi alvo de ovadas.

Militante do PT atira ovo no carro do Estadão, em São Bernardo do Campo. Nilton Fukuda/Estadão

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Também na quinta, o mesmo ocorreu com a repórter Sonia Blota, da Band, que chegou à noite para a cobertura.

"Tenho orgulho da minha militância política na época da faculdade e, já na profissão, sempre zelei pela informação sem tendências", ela escreveu no Twitter, ao lamentar a agressão.

Tenho orgulho da minha militância política na época da faculdade e, já na profissão, sempre zelei pela informação sem tendências. Infelizmente tomei uma ovada de militantes do PT que gritavam “mídia golpista”.Que pena! Logo com uma profissional que sempre lutou contra a censura.

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Ainda na quinta, em Brasília, equipes do Correio Braziliense e do SBT foram impedidas de fazerem seus trabalhos, assim como um fotógrafo da agência de notícias Reuters.

Eram cerca de 30 os que cercaram o carro de reportagem do Correio Braziliense em frente à sede da CUT. Alguns subiram no veículo. Outros deram murro. Uns gritaram "pega!". No veículo havia o motorista e duas mulheres, repórter e fotógrafa. Motorista conseguiu sair ado local.

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Equipe do SBT também foi agredida. “Vocês vão sair daqui pro bem de vocês”, disse um dos manifestantes. https://t.co/oNctuYl2pn

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Na madrugada de sexta-feira (6), por volta das 5h30 da manhã, manifestantes tentaram invadir a sala que estava reservada à imprensa dentro do sindicato, como mostra o vídeo abaixo.

Veja este vídeo no YouTube

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Carros de reportagem foram depredados.

Aconteceu com ao menos um carro da BandNews FM:

A viatura da BandNews FM, estacionada nas proximidades do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, teve um dos vidros quebrados por militantes mais exaltados do PT; a imprensa em geral vem sendo hostilizada no local. https://t.co/XIXx3ZydB2

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E também com carros da TV Cultura, como mostra a foto abaixo, feita pelo BuzzFeed News:

No sábado (7), quando Lula se entregou à Polícia Federal, o maior número de agressões foi registrado.

Pela manhã, um homem tentou expulsar o repórter Pedro Durán, da CBN, de dentro do Sindicato dos Metalúrgicos. O vídeo abaixo, feito pelo BuzzFeed News, mostra a agressão:

A repórter Joana Treptow, da Band, levou um tapa na mão durante uma entrada ao vivo. Ela foi obrigada a se retirar do local para não ser agredida ainda mais. "Ficaríamos mais se não estivéssemos expostos e em perigo", ela escreveu depois.

Saí do sindicato. Fui obrigada a tal. Tentamos e conseguimos trabalhamos apesar dos pesares. Ficaríamos mais se não estivéssemos expostos e em perigo. Grupos de baderneiros. Grupos isolados, digo de novo. Perigosos, também. Vergonhoso.

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Bruna Barboza, da rádio Bandeirantes, também sofreu uma agressão ao vivo. "Fui cercada por militantes ao som de 'fascista', 'elite branca' e 'mídia golpista'", ela escreveu no Twitter. "Difícil trabalhar com medo", concluiu.

Acabo de sofrer uma agressão na frente do Sindicato dos Metalúrgicos. Estava ao vivo e fui cercada por militantes ao som de “fascista”, “elite branca” e “mídia golpista”. Procurei arrego num estacionamento daqui de frente. Difícil trabalhar com medo

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A repórter Gabriela Mayer, da rádio BandNews FM, foi agredida por uma mulher que tentou arrancar o celular dela e estapeou sua barriga, conforme a jornalista relatou no Facebook.

No texto, ela reclamou de quem tentou justificar as agressões.

"Deixei pra escrever hoje, com a adrenalina mais baixa e tempo de pensar. Nesse tempo, li diversos relatos semelhantes ao meu e li dezenas de mensagens, inclusive de colegas de profissão, relativizando ou até justificando as agressões", escreveu a jornalista.

Ainda no sábado, uma equipe da RedeTV!, como mostram imagens divulgadas pela emissora, também foi impedida de fazer seu trabalho e expulsa do sindicato por manifestantes.

Caio Rocha, da rádio Jovem Pan, também foi expulso do local, como relatou no Twitter o editor Carlos Andreazza.

Repórter Caio Rocha, da Jovem Pan, impedido de trabalhar - expulso da porta do sindicato. Nenhum policial.

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Na quinta (5), quando vários sindicalistas discursaram no ato a favor de Lula, o presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo — filiado à CUT —, Paulo Zocchi, subiu para falar.

Ele pregou que as linhas editoriais dos veículos não são culpa dos repórteres. E que, portanto, jornalistas não devem ser agredidos, apesar de a imprensa no geral ser "golpista".

A nota oficial do sindicato, que foi divulgada no sábado à noite — após todos os casos relatados neste post já terem ocorrido —, vai no mesmo sentido.

"Essa situação lamentável é resultado também da política das grandes empresas de comunicação, que apóiam o golpe, e que adotam uma linha editorial de hostilidade contra as organizações populares", diz o texto.

Leia a íntegra no site do sindicato.

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