Pesquisa brasileira na Antártida pode ter apagão por falta de dinheiro

Verba só permite a continuidade de projetos até setembro. Governo atrasou pagamento de R$ 1,7 milhão.

Os projetos de pesquisa científica do Brasil na Antártida estão em risco por falta de dinheiro.

Segundo o coordenador de projetos do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), Jefferson Simões, o programa só tem dinheiro para sobreviver até setembro.

Os pesquisadores trabalham na Estação Antártica Brasileira Comandante Ferraz, da Marinha.

Vanderlei Almeida/ AFP / Getty Images

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Com uma despesa anual de R$ 3 milhões, o programa teve R$ 1,7 milhão retidos pelo governo este ano.

O pesquisador falou ao BuzzFeed Brasil que a situação é ainda mais grave.

Se não forem destinados mais recursos além do que está previsto no orçamento, o sistema de bolsas e os programas laboratoriais vão parar. Isso porque desde 2013 não são lançados editais para novas pesquisas.

As últimas pesquisas, 19 projetos ao todo, foram iniciadas em 2014 e acabam no ano que vem.

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Desde o ano passado, a equipe de pesquisadores já foi reduzida em 50%. Hoje, são 200 profissionais e bolsistas envolvidos nas pesquisas da Antártida.

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"Sem dinheiro, vamos fechar. A base da Antártida vai ficar apenas para os militares", alertou Simões, que na semana passada foi à Câmara dos Deputados denunciar o desmonte que, segundo ele, vem ocorrendo nos últimos anos e persiste.

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Desde que existe, há 34 anos, a base do Proantar já fez inúmeras pesquisas importantes. Segundo Simões, as mais relevantes são a descoberta do buraco na camada de ozônio, as pesquisas sobre como se formam as frentes frias e por que ocorre a variação climática no Brasil. Mas há outras pesquisas desenvolvidas por empresas como a descoberta do uso de alga para tornar o sorvete mais cremoso.

Na Antártida está 70% da água potável do mundo.

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O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) informou que a verba de R$ 1,7 milhão não foi contingenciada, mas que o pagamento está atrasado.

No entanto, segundo o ministério, "não haverá suspensão das atividades de pesquisa do Proantar, que já conta com 34 anos de expertise".

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O ministério informou ao BuzzFeed Brasil também que está buscando recursos para fazer uma nova chamada de editais de pesquisa para o ano que vem. "Ademais, estamos em meio ao processo de reconstrução de nossa Estação Antártica Comandante Ferraz, que permitirá um incremento importante às atividades de pesquisa na Antártica", afirma o comunicado do ministério.


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