Como Janot pode ser afastado pelos seus próprios investigados
Suspeito de envolvimento no petrolão, Renan Calheiros disse que vai analisar se aceita ou não o pedido de impeachment do procurador-geral da República. Os chefes do Ministério Público Federal, em todo o país, reagiram com uma nota de apoio a Janot.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), vai decidir até quarta-feira (22) se aceita o pedido para que seja instaurado o processo de impeachment do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Se ele aprovar, os senadores investigados vão decidir o futuro de seu próprio investigador.
Renan, por exemplo, é alvo de ao menos 13 inquéritos no STF e Janot já pediu até sua prisão por tentar atrapalhar a Lava Jato.
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Há duas semanas, Janot pediu a prisão de Renan e da alta cúpula do PMDB: o ex-presidente José Sarney, o senador Romero Jucá, e do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
O Supremo Tribunal Federal negou os três primeiros e ainda não decidiu sobre Cunha.
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Renan e Romero Jucá são dois investigados que podem julgar o procurador.
Duas advogadas que participam do movimento pró-impeachment de Dilma entraram com a reclamação contra Janot.
Elas dizem que o procurador usou de dois pesos e duas medidas ao pedir a prisão dos peemedebistas e não pedir que o ex-presidente Lula e a presidente afastada Dilma Rousseff.
A lei 1079, usada para justificar o afastamento do procurador, é a mesma que serviu para o processo contra Dilma e foi criada em 1950.
O Senado é quem julga presidente, ministros, ministros do Supremo e o procurador-geral.
Só que, no caso de Janot, o processo só passa pelo Senado. Não pela Câmara.
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Renan Calheiros disse nesta quinta (16) que não conhecia o teor do pedido das advogadas mas que, caso fosse citado, se declararia impedido para decidir sobre Janot.
Ele disse também que o procurador-geral "extrapolou o limite constitucional e do ridículo" ao pedir sua prisão e dos outros líderes do PMDB.
Lula Marques/Agência PT
Pedido de impeachment está nas mãos de Renan, que pode se declarar impedido.
Entenda o passo a passo do processo no Senado:
- Qualquer cidadão pode ingressar com um pedido de impeachment no Senado.
- É o presidente que decide se a Casa recebe ou não a denúncia. Se receber, uma comissão especial de senadores tem dez dias para deliberar sobre o assunto.
- O parecer da comissão passa pelo voto nominal de todos os senadores.
- Se aprovado o processo, o procurador-geral tem 10 dias para responder e a comissão especial passa a decidir se arquiva ou mantém o processo.
- Se o processo de impeachment andar, acusação e defesa se manifestam. Novo parecer é elaborado e acontece nova votação nominal.
- Se o impeachment for aprovado por maioria simples (50% dos senadores mais um), a decisão é informada ao STF e à Presidência da República.
- O acusado é imediatamente afastado de suas funções e perde um terço de seus vencimentos até o julgamento, que ocorre apenas no Senado, com nova votação nominal dos senadores.