Aqui estão alguns sinais de que a "cantada" na verdade é assédio
Se você sentiu constrangimento ou desconforto, não é elogio nem paquera.
Pensando nisto, conversamos com algumas mulheres sobre as diferenças entre cantada e assédio. E como diferenciar uma coisa da outra, na prática.
Outra caraterística do assédio é a de ser uma "atenção" não solicitada, nem recíproca.
"Muitos caras acham que mulheres "gostam" de ouvir coisas horríveis ou ser tocadas, ou só se acham no direito de agir assim", explica a pesquisadora Mari E. Messias e uma das fundadoras do site Lugar de Mulher, em entrevista ao BuzzFeed Brasil.
"E muitas e muitas gerações de mulheres foram ensinadas a não falar sobre assédio, como se fosse uma vergonha. Agora nós sabemos que não é assim, que é importante não tolerar qualquer tratamento inadequado ou violento", diz Mari.
O assédio, diferentemente do flerte, causa constrangimento.
Se você se sentiu assim, não foi um elogio nem uma paquera. Foi assédio e você está no direito de reclamar. "Mesmo que, na hora, não tenha conseguido reagir, não guarde isso para si. Você não teve culpa nem tem motivo para sentir vergonha, pois assédio é uma violência e é normal sentir medo ou confusão", diz Mari.
"Analisar o que aconteceu, sozinha ou com a ajuda de alguém em quem confiamos, é essencial para que reconheçamos situações de abuso, consigamos lidar com o que aconteceu e possamos nos proteger para o futuro", corrobora Bianca Santana.
O que define o assédio também é seu poder de afetar a liberdade de ir e vir das mulheres.
Patrícia Spier / Instagram: @patriciaspier
Por meio do medo, a cultura da cantada vira uma ferramenta de opressão e silenciamento feminino. Você passa a ter medo de sair desacompanhada e evita ir até o carro sozinha depois de uma balada, por exemplo.
"Estar cercada de cuidados contra possíveis agressores se torna parte da rotina feminina, mas é preciso parar e reavaliar esse cenário. A mulher deve ter o direito de ir onde bem entender, vestida como quiser, na hora que lhe for conveniente” disse ao BuzzFeed Brasil Juliana de Faria, fundadora da organização Think Olga e criadora da campanha Chega de Fiu Fiu.