Esta tatuadora está transformando cicatrizes de sobreviventes da violência doméstica em arte

Yevgeniya Zhakar, da Rússia, se inspirou em uma tatuadora brasileira.

A artista Yevgeniya Zhakar, de Ufa, na Rússia, já ajudou centenas de mulheres sobreviventes de violência doméstica cobrindo suas cicatrizes com tatuagens.

Vadim Braydov / AP

Zhakhar contou à agência de notícias Associated Press que teve essa ideia depois de ouvir sobre Flávia Carvalho, uma tatuadora do Brasil com um projeto parecido:

Flavia Carvalho / Via Facebook: fla.tattoo

Na época, Carvalho disse ao Huffington Post que era maravilhoso ver como o relacionamento das mulheres com seus corpos mudava depois das tatuagens.

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Então, desde o ano passado, Zakhar decidiu oferecer tatuagens gratuitas para mulheres vítimas de violência doméstica. E ela tem se emocionado tanto com o número de pessoas buscando sua ajuda quanto pelas histórias que elas trazem:

Vadim Braydov / AP

"É muito assustador olhar para esse problema e ouvir o que as pessoas estão dizendo", disse ela à AP.

As mulheres dizem que as tatuagens as fazem se sentir mais confortáveis em público, porque assim as pessoas param de perguntar sobre as cicatrizes e começam a elogiar os desenhos.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, promulgou recentemente uma lei descriminalizando o abuso doméstico "leve". Os defensores da nova legislação argumentam que isso dará às famílias a oportunidade de resolver seus conflitos sem intervenção estatal desnecessária. No entanto, a Anistia Internacional viu na nossa lei "uma tentativa doentia de banalizar ainda mais a violência doméstica" e que a decisão "ignora brutalmente os direitos das mulheres".

De acordo com a Human Rights Watch, que analisou estatísticas do governo russo, 40% de todos os crimes violentos no país são cometidos dentro do âmbito familiar.

Vadim Braydov / AP

Uma das clientes de Zakhar, Katarina Golkova, teve que fazer uma cirurgia no braço depois que seu namorado a jogou contra uma janela.

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Golkova disse que a nova lei interpreta a violência doméstica de uma maneira completamente equivocada.

Vadim Braydov / AP

"Tudo começa com um tapa", disse ela à Associated Press. "Você perdoa eles uma vez, e piora. Você não pode perdoar essas coisas. Elas acontecerão de novo."

Zhakar diz que já trabalhou com mais de mil sobreviventes desde que começou o projeto, em 2016.

Vadim Braydov / AP

Muitas delas nunca denunciaram à polícia a violência sofrida. "As meninas dizem: 'Para quê? Por que ir à polícia se eles não vão ajudar?"

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"As garotas estão dispostas a conversar comigo geralmente porque será a última vez que elas falarão sobre as cicatrizes", disse Zhakar.

Vadim Braydov / AP

Este post foi traduzido do inglês.

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