Quem são as deputadas que tomaram a bancada do Cunha

Conheça as mulheres que paralisaram o Congresso e por que isso aconteceu.

Na noite da última quarta-feira (27), algumas deputadas tentaram impedir o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, de realizar uma manobra política para aprovar a Comissão da Mulher.

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Nomes como Luiza Erundina (PSOL - SP) e Maria do Rosário, ex-ministra dos Direitos Humanos, afirmam que a comissão seria um retrocesso para os direitos das mulheres.

Segundo as deputadas, a nova comissão serviria apenas para enfraquecer a já existente Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, sendo não mais que um espaço para arranjos políticos.

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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Derrotado na primeira votação, Eduardo Cunha forçou outra votação na sequência e assim conseguiu aprovar a nova comissão. Mas vale saber quem foram as mulheres que tomaram a bancada.

As mulheres são uma minoria desproporcional no Congresso, ocupando 51 das 513 cadeiras, ou seja, apenas 9.9%.

Luiza Erundina (PSOL-SP)

Luiza Erundina foi Secretária de Educação de Campina Grande, na Paraíba, em 1958. De lá pra cá, participou da fundação do PT, foi vereadora e deputada estadual, até chegar à prefeitura de São Paulo, ainda pelo PT, em 1988. Após o impeachment de Collor, foi nomeada ministra da Secretaria da Administração Federal, no governo Itamar Franco. Desde 1998, já migrada para o PSB, é deputada federal por São Paulo. Em março deste ano, filiou-se ao PSOL e deve concorrer à prefeitura de São Paulo novamente.

Na Câmara, desempenha papel importante nas Comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) e atua consistentemente na Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM). Lutou em especial pela aprovação do Marco Civil da Internet e atualmente comanda a Frente Parlamentar pela Reforma Política com Participação Popular (Frentecom). Saiba mais aqui.

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"Nós não queremos que nossas questões, nossos interesses, nossos direitos sejam decididos pelos homens", disse Erundina durante a ocupação.

Maria do Rosário (PT-RS)

Maria do Rosário entrou para a política em 1993 como vereadora em Porto Alegre pelo PCdoB, o Partido Comunista do Brasil. No ano seguinte passou para o PT e em 1998 foi eleita deputada estadual. Em 2003, assumiu seu primeiro mandato como deputada federal e foi reeleita em 2006. Em 2010, teve a candidatura suspensa pelo TSE, mas foi absolvida.

Ganhou destaque nacional ao se tornar Secretária dos Direitos Humanos da Presidência da República. Maria do Rosário lutou pela aprovação do projeto de lei que criou a Comissão da Verdade, e pela emenda constitucional que exige punições severas para trabalho escravo. Saiba mais aqui.

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Moema Gramacho (PT - BA)

A deputada Moema Gramacho teve papel importante tanto na criação do PT, quanto da CUT, a Central Única dos Trabalhadores, na Bahia. Foi eleita vereadora em 1996 e deputada em 1998. Foi Presidente das Comissões de Combate à Fome e Direitos Humanos e prefeita de Lauro de Freitas em 2004. Quase 10 anos depois, em 2013, foi Secretária de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza do Estado da Bahia e atualmente ocupa uma cadeira na Câmara dos Deputados. Saiba mais aqui.

Jô Moraes (PCdoB -MG)

Deputada federal há três mandatos pelo Estado de Minas Gerais, Jô Moraes é membro do Comitê Central do PCdoB desde 1982. Começou sua carreira política já no movimento estudantil secundarista no seu Estado natal, a Paraíba. Presa duas vezes durante a ditadura, viveu 10 anos na clandestinidade, até a Lei da Anistia.

Foi coordenadora da Comissão Pró-Federação de Mulheres de Minas Gerais em 1982, coordenadora executiva do Conselho Estadual da Mulher no ano seguinte e a primeira presidente da União Brasileira de Mulheres em 1989. Luta pelos direitos femininos e escreveu os livros “Pelos Direitos e Pela Emancipação da Mulher” e “Esta Imponderável Mulher” (Editora Maza). Em 2013 foi eleita coordenadora da Bancada Feminina da Câmara, quando obteve 39 dos 40 votos do colegiado. Naquele ano, participou da Cúpula Anual das Mulheres no Parlamento. Saiba mais aqui.

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Érika Kokay (PT- DF)

Erika Kokay ingressou na vida política em 1976, em plena ditadura militar, no movimento estudantil. Em 1982, ingressou na Caixa Econômica Federal e organizou, três anos depois, a primeira greve dos funcionários da Caixa em 125 anos de existência. Foi presidente do Sindicato dos Bancários do Distrito Federal e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Distrito Federal. Em 2002, já legislando, atuou contra violações de direitos humanos e na luta antimanicomial.

Foi eleita deputada federal em 2010, quando integrou a comissão de Direitos Humanos e Minorias. Também presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou a exploração sexual de crianças e adolescentes em todo o Brasil. Saiba mais aqui.

Aqui Erika explica a ocupação ao lado do deputado Jean Wyllys (PSOL - RJ)

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Janete Capiberibe (PSB - AP)

Janete Capiberibe ingressou no Movimento Estudantil Secundarista no Amapá e passou a militar no Partido Comunista em 1966. Deixou o país em 1971, após ser presa pela ditadura militar, e voltou em 1979, após a Lei da Anistia. Filiada ao PSB, em 1988 se tornou vereadora de Macapá e posteriormente deputada estadual por três mandatos. Em 2002 foi eleita deputada federal pelo Amapá. Enfrentou um processo de cassação em 2004, acusada por compras de votos. Mas eleita novamente nas eleições seguintes.

Seu foco de trabalho é o reconhecimento da profissão das parteiras tradicionais e sua inclusão no Sistema Único de Saúde, educação infantil e investimento em povos ribeirinhos. Saiba mais aqui.

Margarida Salomão (PT-MG)

Margarida Salomão é deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores de Minas Gerais e foi eleita pela primeira vez em 2010. Membro titular da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática, da Comissão de Cultura e da Secretaria da Mulher. Antes disso foi secretária municipal de Administração e de Governo da Prefeitura de Juiz de Fora e reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora. Seu foco de atuação é educação e inovação e tecnologia. Saiba mais aqui.

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Benedita da Silva (PT-RJ)

Formou-se aos 40 anos de idade em Estudos Sociais e Serviço Social e, em 1982, tornou-se a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Câmara de Vereadores da Cidade do Rio de Janeiro. Deputada Federal por duas vezes, garantiu às mulheres presidiárias o direito de permanecerem com os seus filhos durante a amamentação, além de outros 84 projetos de lei.

Em 1994, foi a primeira mulher negra a chegar ao Senado Federal e anos mais tarde foi eleita vice-governadora do Rio de Janeiro na chapa de Antony Garotinho. Em 2002, com a renúncia de Garotinho, Benedita assumiu o cargo. Em 2003, assumiu a pasta do Ministério da Assistência Social. Foi demitida depois de denúncias de uso do dinheiro público em uma hospedagem na Argentina. Em 2010 voltou para a Câmara. Saiba mais aqui.

Benedita também gravou um vídeo explicando a ocupação da câmara.

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Luizianne Linz (PT - CE)

Jornalista e professora, Luizianne foi eleita vereadora de Fortaleza em 1996. Na Câmara Municipal, foi presidente da Comissão de Defesa da Mulher, da Juventude e da Criança. Em 2002, foi eleita deputada estadual. Seu foco de trabalho é educação, a juventude, cultura, sexualidade, questões de gênero e direitos humanos em geral.

Eleita prefeita de Fortaleza em 2004, teve a reeleição em 2008 ameaçada por impugnação de sua candidatura. Mas a impugnação foi rejeitada pela Justiça Eleitoral. Retornou à Câmara em 2014. Saiba mais aqui.

Ana Perugini (PT- SP)

Ana Lúcia Lippaus Perugini está em seu quarto mandato, o primeiro como deputada federal. Advogada por formação e servidora licenciada do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, começou a carreira política em 1980. Em 2004 foi eleita vereadora em São Paulo. É defensora da ampliação das políticas públicas para as mulheres e foi autora do projeto de lei que propõe a implantação da vacina de prevenção do câncer do colo do útero no SUS. Além do trabalho em saúde, defende o meio ambiente, saneamento básico para todos, assim como educação. Saiba mais aqui.

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Aqui Ana explica por que participou da ocupação.

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