Livros brasileiros tem como protagonistas princesas lésbica e trans

Escrito pela psicóloga Janaína Leslão, histórias vão ganhar as prateleiras das livrarias graças a um financiamento coletivo.

Há cinco anos, a psicóloga Janaína Leslão começou a escrever o livro "A Princesa e a Costureira", sobre uma princesa lésbica.

Na trama, a jovem Cíntia está prometida para um príncipe do reino vizinho, porém se apaixona pela costureira responsável por confeccionar seu vestido de noiva.

Em entrevista ao BuzzFeed Brasil, Janaína conta que buscou durante muito tempo uma editora, mas só consegui uma que se interessasse após cinco anos. "Porém fiz questão de ter ilustrações que me agradassem muito, então combinei que eu pagaria as ilustrações para serem a meu gosto e foi então que realizei o financiamento coletivo", diz a psicóloga.

O financiamento correu bem e em uma semana o valor total para as ilustrações de "A Princesa e a Costureira" foi arrecadado. Ao ver que o financiamento realmente funcionava, Janaína resolveu criar uma meta extra para ilustrar outro livro, "Joana Princesa".

Neste novo livro, a psicóloga conta a trama de uma princesa adolescente que foi chamada de príncipe João ao nascer e que começa a refletir sobre a sua identidade de gênero na adolescência.

"O livro 'Joana Princesa' ainda não tem editora, mas com as ilustrações prontas fica mais fácil, então abri essa meta extra que também foi alcançada. Os apoiadores estão muito entusiasmados e sabem da lacuna que existe no meio editorial. Está sendo incrível essa interação", conta Janaína.

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Ela conta que a ideia nasceu ao perceber a falta de materiais sobre o tema durante seus trabalhos com sexualidade e gênero.

Janaína diz que faltam materiais com "linguagem bem acessível e metafórica para esse público". "Os adultos, de modo geral, também não lidam bem com isso e uma leitura mais leve poderia aguçar a curiosidade para refletir mais sobre o assunto e entender as chamadas 'diferenças' sem tanto preconceito", conta Janaína.

O público alvo são os pré-adolescentes e adolescentes por conta da quantidade de texto (o livro tem mais texto do que um livro infantil). "Mas claro que muitos adultos estão interessados nestes livros de contos de fadas para ter em casa um livro que aborde a diversidade", diz Janaína. Para ela, as grandes editoras não se deram conta de que existe um público que quer ler uma história que vai além do "a princesa sofria muito, até que um dia o príncipe a beijou, eles se casaram e foram felizes para sempre". "As estatísticas estão aí para mostrar que essas pessoas são muitas e estão em todos os lugares", finaliza a psicóloga.

As ilustações são de Júnior Caramez ("A Princesa e a Costureira") e Marina Tranquilin ("Joana Princesa"), respectivamente.

"A Princesa e a Costureira" será lançado ainda este ano, enquanto "Princesa Joana" aguarda por uma editora. Para mais informações acompanhe o projeto aqui.

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