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O vídeo de Alok em Moçambique levanta discussão sobre estereótipos em ações humanitárias
"As pessoas não estão reclamando porque o Alok expôs a ação humanitária dele, elas estão reclamando porque o Alok expôs a criança", afirmou uma seguidora.
Victor Nascimento
Há 5 anos
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O DJ brasileiro Alok está documentando nas redes sociais sua viagem para Moçambique com o objetivo de chamar atenção para o trabalho do Fraternidade Sem Fronteiras.
Fraternidade Sem Fronteiras é uma organização humanitária que tem projetos no Brasil, Madagascar, Malawi, Moçambique e Senegal, atuando em alguns dos lugares mais pobres do planeta para ajudar a acabar com a fome.
As postagens do DJ passaram de 1 milhão de likes no Instagram e a exposição dessa triste realidade tem dado resultado, segundo Alok publicou no seu Twitter.
O Fraternidade sem Fronteiras bateu o recorde no número de padrinhos em um dia. Obrigado por acreditarem no meu trabalho. Exaltemos os benefícios, não as fronteiras. Ajudar é preciso.
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Porém, este vídeo do DJ publicado na quarta-feira (05) ao lado de uma criança muito debilitada e chorando incomodou parte de seus seguidores e levantou uma discussão sobre os limites de uma boa causa.
No vídeo, Alok fala de sua jornada de aprendizado e o quanto trabalhar como voluntário o fez parar de reclamar da vida e ser uma pessoa melhor. Mas enquanto ele fala de si para a câmera, uma criança visivelmente doente, chamada Almirante, chora.
Alok ainda se compromete a ajudar a criança a fazer uma cirurgia da qual precisa. "Eu prometo para vocês que o próximo encontro que a gente tiver aqui, vai ter uma escola, ela [criança] vai ter feito a cirurgia e se Deus quiser estará muito melhor”, afirma no vídeo.
Existe uma crítica recorrente a celebridades e pessoas ricas que acabam expondo pessoas em situações de vulnerabilidade, seja para divulgar uma causa, seja para se promover enquanto benfeitor.
gente desculpa minha insensibilidade mas eu só consigo ver a criança chorando e pensar: não da pra fazer uma doaçãozinha na moral sem expor uma criança preta desse jeito? poxa branco https://t.co/O1a7NE8On7
Na opinião dos críticos, Alok poderia ter chamado a atenção necessária para a causa sem expor a criança. O DJ não se pronunciou a respeito deste vídeo.
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É o que alguns ativistas chamam de "síndrome do branco salvador", ou seja, quando falta sensibilidade ao benfeitor visitante para entender a realidade local.
Síndrome do Branco Salvador. Tem um casal de artistas brancos que poucas vezes divulgaram a escola que eles fundaram la no Malawi mas nunca dessa forma. Alok poderia pegar umas aulas com eles. https://t.co/FDHSpKVON1
Uma campanha do SAIH (Norwegian Students and Academics International Assistance Fund) lançada em 2017 tenta combater os estereótipos em ações humanitárias e de desenvolvimento global. O material da campanha busca educar benfeitores antes de usarem imagens de pessoas necessitadas em países pobres, uma vez que isso tira a dignidade e privacidade das pessoas.
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