Marta, ex-petista, e Andrea, ex-tucano, vão se juntar com aval de Temer
É a chapa sangue-azul: ela descende da nobreza de Portugal; ele vem da família que já foi a mais rica do Brasil. No passado, eles já foram adversários.
O vereador Andrea Matarazzo (PSD) desistiu de concorrer à prefeitura de São Paulo e será candidato a vice-prefeito na chapa de Marta Suplicy, do PMDB. A senadora confirmou a aliança na manhã desta terça-feira (26).
Daniel Guimarães/Ritratto
Tucano histórico, Matarazzo deixou o PSDB em março, depois de ser derrotado nas prévias do partido pelo hoje candidato João Doria, numa eleição interna contestada por caciques da legenda como o ministro José Serra e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Daniel Guimarães/Ritratto
Marta e Matarazzo descendem de duas das mais tradicionais famílias paulistanas. Marta Teresa Smith de Vasconcelos Suplicy é descendente do Barão de Vasconcelos (1817-1903), um nobre português que se radicou no Brasil. Já Andrea descende do Conde Francesco Matarazzo (1854-1937), que imigrou para o país no Império, fundou as Indústrias Reunidas Matarazzo e, quando morreu, era dono da maior fortuna do Brasil.
Agora juntos, Marta e Matarazzo estiveram em trincheiras opostas no passado. Em 2004, a então petista buscava a reeleição para a prefeitura de São Paulo. Depois de uma campanha tensa, ela foi derrotada pelo tucano José Serra, padrinho político de Matarazzo.
Na época, os tucanos colaram em Marta o apelido de "Martaxa", numa crítica às taxas criadas pela então prefeita.
Marcos Oliveira/Agência Senado
Impensável no passado, a dobradinha Marta-Matarazzo foi costurada diretamente em Brasília por Serra, Gilberto Kassab (PSD), e pelo próprio presidente Michel Temer (PMDB), conforme pessoas próximas de Matarazzo.
A aliança cria um novo problema para Marta. A possível perda do PTB.
O presidente do PTB, o deputado estadual Campos Machado, tinha a promessa de que sua mulher, Marlene, seria vice de Marta. Uma fonte muito próxima a Campos Machado diz que ele não recebeu qualquer comunicação do PMDB sobre o embarque de Matarazzo.
O aliado traído já se reuniu com Celso Russomanno (PRB), o líder nas pesquisas, nesta mesma segunda. O deputado ofereceu a vice para Marlene.
Amigo de Geraldo Alckmin, Campos Machado não bateu o martelo com João Doria. Ele e Doria conversaram em um encontro de apenas 15 minutos, o que teria incomodado o deputado, acostumado com conversas mais longas.