A imprensa não consegue chamar o feminicídio pelo que ele realmente é
Quem lê as manchetes pode pensar até que as mulheres morreram acidentalmente.
No mês passado (27), mais um caso no qual o marido assassinou a mulher saiu na imprensa com uma manchete que parecia estar falando de uma situação completamente diferente.
Reprodução / Via g1.globo.com
A taxa de feminicídios no Brasil é a quinta maior do mundo – portanto, infelizmente, notícias de mulheres assassinadas pelos parceiros estão toda hora na mídia. Mas quem lê as manchetes talvez não perceba a dimensão do problema.
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Quem ler esta, por exemplo, pode pensar até que foi ACIDENTE.
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Valéria foi asfixiada pelo namorado, que depois enterrou o corpo, após uma briga por ela ter olhado o celular dele.
Em cada manchete tem algo que tenta mascarar a natureza real desse crime. Por exemplo, o que a palavra "apaixonado" está fazendo aqui?
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Ninguém estupra e mata "por amor".
Mesmo quando o crime é reportado com clareza, as manchetes parecem ter receio de dizer que o assassino foi o parceiro amoroso da vítima.
Reorodução / Via noticias.uol.com.br
Quem ler isso aqui vai achar que foi bala perdida: ela foi "atingida por um disparo no rosto" DISPARADO PELO NAMORADO.
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O homem pegou uma arma, apontou e atirou no rosto da própria namorada.
Esta manchete chama o feminicídio de "doença urbana" de tanto que é comum, mas comete a imensa mancada de chamar de "passionalismo", associando com paixão.
Reprodução / Via Twitter: @RevistaISTOE
E esta manchete chega a dizer que o assassino é o WhatsApp para não ter que dizer que um homem matou a própria namorada.
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