Isabella quase foi impedida de entrar no próprio prédio mesmo com suas chaves em mãos

O vizinho não queria acreditar que ela morava lá, mesmo quando a estudante abriu uma das portas de acesso.

Esta é a Isabella, ela tem 24 anos, é estudante de Jornalismo e assistente administrativa do portal jurídico "Justificando". Desde setembro ela mora num apartamento em Pinheiros, um dos bairros mais valorizados de São Paulo.

Isabella Barboza

Caso você não saiba, a subprefeitura de Pinheiros, que inclui os bairros Alto de Pinheiros, Itaim Bibi, Jardim Paulista e Pinheiros, é a que menos concentra negros na cidade de São Paulo. Os dados são de um levantamento realizado em 2015 pela Secretaria Municipal de Promoção e Igualdade Racial.

O prédio em que ela mora não tem porteiro, sendo assim, cada morador abre o portão com a sua própria chave. No último sábado (24), ela chegou junto com outro morador – um homem branco e idoso – que, ao vê-la entrar, questionou se ela morava mesmo ali. Após Isabella mostrar suas chaves – e inclusive abrir o segundo portão do prédio – ele continuou a constrangê-la.

Isabella Barboza

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Em um post no Facebook, Isabella contou que este senhor e o homem que o acompanhava estavam claramente incomodados com a situação e com o fato de ela simplesmente ter mostrado que morava ali, sem se abalar. Ela também observou que estava tão bem vestida quanto a Michelle Obama.

      

Ela lembrou que não importa se você tem dinheiro e pode pagar por um aluguel em um bairro nobre, nem se você está vestida impecavelmente: isso não evitará que você seja vítima de racismo.

Isabella Barboza

"Eu estava tão arrumada quanto estou nesta foto, mas isso não impediu que me tratassem daquele modo", disse ela ao BuzzFeed Brasil.

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Ao BuzzFeed Brasil ela contou que não vai processar o senhor que a abordou, nem registrar um Boletim de Ocorrência, porque acredita que a Justiça ficará ao lado dele. E mais, que ela não possui dinheiro para levar um processo como esse adiante. Além disso, Isabella explicou que o post no Facebook tinha como intuito trazer uma reflexão sobre o racismo na sociedade em que vivemos, e não fazer uma denúncia ou buscar ajuda.

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