Essa fotógrafa ouviu ofensas racistas tão brutais que decidiu expôr o agressor em busca de apoio
Mirian já procurou a polícia depois de ser chamada de "mucama", "saco de lixo", "crioula maldita" e "saco de carvão", entre muitas outras coisas.
O primeiro áudio já começa com a frase "desde quando preto é gente?".
Reprodução / Facebook / Via Facebook: mirinha.rodrigues
No áudio seguinte, ele se refere à Mirian como se ela fosse escrava e diz querer comprá-la e ver "a crioulada trabalhar para ele".
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E continua dizendo que a única coisa que um "crioulo" sente é o "tronco e o chicote nas costas", se referindo às formas de torturar e punir negros no período da escravidão no Brasil.
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Por fim, ele convida Mirian de forma irônica para um churrasco. E diz que precisa dela para queimá-la como carvão.
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Ao BuzzFeed Brasil, Mirian explicou que os áudios foram enviados do número de Aíla Mara da Silva Figueiredo, uma ex-amiga. Porém, o autor das ofensas é Rafael Andrejanine, amigo de Aíla.
A fotógrafa conta que conheceu Rafael num bar, quando estava com outros amigos. Na ocasião, o único contato que tiveram foi numa discussão sobre religião.
Mirian disse que Aíla não gosta dela e a ofende com frequência por causa do seu cabelo e das roupas que veste. Na terça, dia das ofensas, Aíla chamou a fotógrafa de "brega" e que o cabelo dela é aplique. Os insultos foram feitos por áudios em um grupo do WhatsApp em que ambas estão.
A fotógrafa resolveu ignorar as mensagens. Mas logo depois ela passou a receber as ofensas racistas de Rafael. Em busca de apoio, Mirian publicou os áudios em seu Facebook.
Muitas pessoas ficaram chocadas com o conteúdo dos áudios.
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Com os dados de seu agressor em mãos, ela registrou um Boletim de Ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia, no centro de Várzea Grande, na quarta-feira (2). O caso foi registrado como crime de preconceito de raça e cor, tendo como base a Lei 7716/89.
No BO, Mirian deixou registrado que teme por sua integridade física e segurança. Ela disse que foi alertada que Rafael, também conhecido como "Zé Trator", é uma pessoa agressiva e perigosa.
Mirian Rosa
Mirian também contou que tem recebido o apoio do Movimento Negro de Várzea Grande, que irá auxiliá-la nos próximos passos do caso.
O BuzzFeed Brasil entrou em contato com Aíla Mara da Silva Figueiredo, proprietária do número que enviou as ofensas racistas, e não obteve resposta.
Este post será atualizado se ela responder.