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Milhares de polonesas saíram às ruas para defender seu direito ao aborto
Projeto de lei visa limitar ainda mais o acesso ao procedimento, só autorizado no país em casos de estupro, incesto, anomalias fetais graves ou se a vida da mãe estiver em risco.
Jina Moore
Há 8 anos
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O movimento #blackmonday foi organizado para protestar contra um projeto de lei que busca, basicamente, banir o aborto sob qualquer condição no país.
O projeto de lei visa restringir ainda mais o acesso ao aborto na Polônia, que já é bem limitado em comparação a outros países europeus.
Na Polônia, o aborto só é legal em casos de estupro, incesto, anomalias fetais graves ou se a vida da mãe estiver em risco, segundo a Associated Press.
O projeto de lei, se aprovado, tornará ilegal o procedimento para vítimas de estupro ou em casos de anomalias fetais. Além disso, proibirá que médicos façam abortos a menos que uma mulher esteja em perigo "iminente" de morte.
A proposta passou em sua primeira votação no Congresso, na semana passada, e foi encaminhada para uma comissão parlamentar.
"A aprovação deste projeto seria algo terrível e tornaria a vida das polonesas extremamente perigosa", disse Irene Donadio, gerente de relações públicas da Rede Europeia da Federação Internacional de Planejamento Familiar (IPPFEN), ao BuzzFeed News.
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Apenas na capital do país, Varsóvia, 25 mil participaram do protesto.
POLAND! I am so proud of us! 💪🏼#CzarnyProtest #blackprotest #czarnyponiedziałek #blackmonday #warsaw #poland… https://t.co/PHjVux5Vqr
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"Eu não faço ideia de quem começou esse movimento", disse Marta Szostak, da Astra, Rede Feminina de Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos na Europa Central e Oriental. "Não foi uma ONG. Não foi uma instituição que estava lutando pelo direito ao aborto há anos. O que está acontecendo está mais para um movimento civil, um movimento de baixo para cima — porque as mulheres estão muito furiosas. Elas estão com muito medo."
"Nunca vi, na minha vida, uma quantidade tão grande de mulheres indo às ruas para lutar por seus direitos reprodutivos", disse Szostak.
Isso pode ter acontecido porque foi a primeira iniciativa visando restringir os direitos ao aborto que obteve algum tipo de sucesso, graças às eleições parlamentares do ano passado, que elegeram um governo conservador.
"Enfrentamos inúmeras iniciativas anti-aborto na última década. Elas surgem a cada dois ou três anos", disse Szostak. "No entanto, algo que era proposto há anos agora parece ter ganhado força."
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Para Donadio, a comoção internacional faz sentido. "Eu acredito que a situação na Polônia é extremamente assustadora, mas não um fato isolado. Estamos vendo ataques constantes aos direitos das mulheres por toda a Europa e também ao redor do mundo", disse ela.
Janek Skarzynski / AFP / Getty Images
"Há uma onda conservadora crescente que busca oprimir as mulheres, violar seus direitos e minar sua autonomia."
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Apesar de elogios às polonesas terem inundado as redes sociais, no país a história foi um pouco diferente. "Os meios de comunicação daqui estão tentando passar a ideia de que tudo isso é apenas um encontro de feministas histéricas", disse Sztoska, da Astra. "Alguns representantes da Igreja Católica já se referiram ao protesto como 'um manifesto da civilização da morte'."
O Parlamento Europeu planeja debater esse projeto de lei em uma sessão na quarta-feira (5). Elly Schein, representante da Itália na instituição, já declarou sua solidariedade às polonesas.
I stand with Polish women fighting for their rights #CzarnyProtest #blackprotest #womensrights #womenonstrike… https://t.co/1AKVeniO18
Ativistas pró-aborto esperam que o Parlamento Europeu mantenha a mesma posição que teve com o Paraguai, no ano passado. Em 2016, o Parlamento puniu o país por sua nova lei sobre aborto, similar à proposta polonesa.
"Nós sabemos que é mais fácil fazer isso com países distantes, não com os que fazem parte do mesmo clube", disse Donadio. "Nós esperamos que o Parlamento Europeu e os parlamentares sejam coerentes em suas posições."
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