Jatos da Marinha colidem em exercício e um dos pilotos está desaparecido
Nesta quarta, Marinha disse que exercício não tinha relação com esquema de segurança dos Jogos Olímpicos.
O que sabemos até agora sobre o acidente entre caças da Marinha no Rio:
- Em nota, Marinha confirmou que dois caças se chocaram no litoral do Rio.
- Um dos caças conseguiu pousar e piloto escapou ileso. O outro caiu no mar. Piloto caiu no mar e está desaparecido.
- Os aviões são do modelo AF-1 Skyhawk são veteranos da guerra do Golfo (1990-1).
- Aeronaves foram fabricadas em 1976 e fazem parte de programa de modernização.
- Militares do Exército relataram o que seria um paraquedas aberto sobre o mar - informação não foi confirmada pela Marinha.
- Durante a noite, equipes usaram óculos de visão noturna e equipamentos infravermelhos.
Marinha / Divulgação
Militares do Exército relataram o que seria paraquedas no mar; Marinha não confirma.
Militares do Exército que participam do grupo de resgate que procura o piloto da Marinha desaparecido em um choque entre dois caças no litoral do Rio relataram que que foi visto o que seria um paraquedas aberto sobre a água, a cerca de 100 km do litoral de Saquarema.
O piloto, cuja identidade está sendo preservada, continua desaparecido.
A informação do paraquedas partiu de integrantes do Grupo de Ensaios e Avaliações do Cavex (Comando de Aviação do Exército), que auxilia nas buscas desde a noite de ontem. Nem o Corpo de Bombeiros nem a Marinha confirmam a localização de um paraquedas.
Se confirmada a informação do paraquedas, isso significa que o piloto do caça AF-1B conseguiu realizar a ejeção da cabine após a colisão com uma aeronave do mesmo modelo durante um exercício de ataque ar-terra. O piloto do segundo avião conseguiu estabilizar o caça e pousá-lo na base de São Pedro D'Aldeia.
O AF-1B que caiu no mar foi modernizado recentemente. O cockpit estava equipado com um equipamento de ejeção 0-0, capaz de lançar o assento mesmo de altura de zero metro e a velocidade zero.
No ano passado, a revista Asas, uma publicação especializada que reportou detalhes da modernização da aeronave na fábrica da Embraer, em Gavião Peixoto (SP). Leia aqui.
Especialistas ouvidos pelo BuzzFeed Brasil afirmam que o sucesso da ejeção depende de fatores críticos como altura e a posição da aeronave. Desde ontem, a Marinha tem sido cautelosa e fala somente em "provável ejeção".
As buscas ocorreram durante toda a noite e prosseguem nesta quarta. Há quatro fragatas - Liberal, Constituição, União e Greenhalgh - e o navio-sonar Vital de Oliveira vasculhando o perímetro do acidente.
Durante a noite, dois helicópteros do Comando de Aviação Exército auxiliaram as buscas. Os militares utilizaram óculos de visão noturna e utilizando equipamentos infravermelhos.
Entenda como ocorreu o acidente:
A Marinha divulgou uma nota em que confirmou que dois aviões se chocaram no início da noite desta terça (26), a 38 km do litoral do estado do Rio.
O acidente ocorreu durante um exercício. Inicialmente, foi publicado que estava relacionado com a Olimpíada, mas nesta quarta a Marinha informou que não havia relação com o esquema de segurança dos jogos.
Um dos aviões, mesmo avariado, foi conduzido pelo piloto até uma pista de pouso na cidade de São Pedro D'Aldeia e pousou.
O outro avião caiu no mar. Segundo a Marinha, houve a "provável" ejeção do assento e ainda está desaparecido. Equipes de busca tentam localizá-lo.
Segundo a Marinha, os dois caças encontravam-se realizando treinamento de ataque a alvos de superfície com a fragata Liberal, a cerca de 100 km ao largo do litoral de Saquarema (RJ).
Durante o voo de afastamento do navio, em formação tática para a realização de um novo ataque, houve a colisão e a "provável ejeção" do piloto.
As operações de busca e salvamento foram iniciadas com navios, aeronaves, além de lanchas de apoio do corpo de bombeiros do Rio.
Até o momento, o piloto não foi encontrado. As buscas prosseguirão pelo período noturno com o emprego de navios e aeronaves.
Os caças eram AF-1 Skyhawk, modelo recentemente modernizado pela Embraer, que promoveu a revisão geral dos motores e instalou equipamentos tecnológicos de alta precisão, além de novos rádios.
Veterano da primeira Guerra do Golfo (1990-1), o avião abaixo é o N-1011, que caiu no mar nesta terça.
João Paulo Moralez / revista ASAS
Os AF-1 Skyhawk que colidiram no litoral do Rio são veteranas da primeira Guerra do Golfo (1990-1) e pertenceram à Força Aérea do Kwait. Elas participaram da coalizão que atacou e derrotou Saddam Hussein.
Comprados do Kwait em 1997, os Skyhawks comprados envolvidas no acidente foram fabricadas em 1976, a última versão de um projeto do final dos anos 1950.
A Marinha brasileira comprou 23 aeronaves. Em 2013, 12 delas passaram a integrar um programa de modernização na Embraer.
Segundo a Embraer, o AF-1 está recebendo novos sistemas de navegação e de geração de energia, armamentos atualizados e aparelhos de comunicação, sensores e radar de última geração. Com isso, as aeronaves deveriam ficar operacionais até 2025.
O N-1011, o caça que caiu no mar, foi um dos aviões modernizados.
"Até o acidente, sabia-se que somente uma aeronave tinha sido modernizada. Hoje, a Marinha informou que dois caças já receberam o update e um deles teria sido este que caiu", disse o especialista em defesa Alexandre Galante, ao BuzzFeed Brasil.
"Esse tipo de acidente é inerente à atividade. É uma das profissões mais perigosas do mundo”, disse Galante, que é ex-militar da Marinha.