Como um repórter "poeta" criou a polêmica do técnico francês com candomblé

Polêmica frase não foi do treinador do saltador derrotado, mas de repórter de jornal francês. BBC, que atribuiu frase ao técnico, reconheceu o erro, mas redes sociais já haviam replicado.

Você provavelmente leu que o técnico Philippe d'Encausse atribuiu que o salto com vara de 6,03 metros que rendeu a medalha de ouro e o recorde olímpico ao brasileiro Thiago Braz teve uma ajudinha das divindades do candomblé.

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D'Encausse é técnico do francês Renaud Lavillenie, que ficou com a prata. E a informação foi replicada por outros veículos brasileiros que publicam material jornalístico da BBC.

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Muita gente ficou brava com o que seria um preconceito do técnico francês e lembrou que o próprio atleta derrotado havia se comparado a Jesse Owens na Olimpíada de Berlim (1936) para reclamar dos gritos da torcida brasileira na final.

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Mas a relação entre o candomblé e a vitória de Thiago Braz não foi feita pelo francês derrotado, mas por um repórter do jornal francês Le Monde.

Em entrevista à publicação, D'Encausse apenas disse, com surpresa, "Depois de dez saltos, Thiago chega e crava um 6,03 metros".

E, depois, pelo inesperado do desempenho, apenas diz: "Que país bizarro".

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Aqui a tradução do texto. Em negrito, as palavras textuais.

O treinador do campeão francês, Philippe Encausse, avalia a irracionalidade avançada da situação: "Então depois de dez saltos nas pernas, Thiago crava um salto para 6,03 m". Sem perceber, o treinador pressente forças místicas, talvez aquelas do candomblé, a religião afro-brasileira estabelecida nesta terra. "Este país é estranho", ele sussurra, quase admirando.

O link para o texto original, em francês.

Quem faz a relação entre o salto e o candomblé é o repórter do jornal francês. Não dá sequer para afirmar que ele tenha inventado a frase do técnico. Ele apenas fez uma menção pretensamente literária para explicar melhor a surpresa do técnico.

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Mas a menção "poética" do repórter virou confusão, aparentemente em um deslize de entendimento durante a tradução.

O site da BBC Brasil publicou uma correção clara sobre o episódio, informando que foi o repórter do Monde, não o técnico francês, quem mencionou o candomblé.

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Leia a correção abaixo:

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