"É cedo para culpar os terremotos pelo desastre em Mariana", diz geofísico da USP

Segundo geofísico da USP, tremores como os que aconteceram próximo a Bento Rodrigues (MG) são considerados pequenos, acontecem diariamente por todo o Brasil e geralmente não provocam acidentes como este.

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Para o coordenador do Centro de Sismologia da USP, Marcelo Assumpção, "é precoce ligar os tremores de terra à tragédia". "Eles tiveram magnitude entre 2 e 2,2, então são considerados pequenos", diz em entrevista ao BuzzFeed Brasil.

A atividade foi registrada pela Rede Sismográfica Brasileira, da qual o centro da USP faz parte. "A partir da magnitude 5 é que os abalos sísmicos são considerados perigosos", explica Marcelo. "Tremores pequenos normalmente não fazem tanto estrago assim".

O professor afirma que abalos como o próximo a Bento Rodrigues são registrados diariamente por todo o Brasil. "Este local sempre tem muitos tremores, assim como o norte do Ceará, norte do Mato Grosso e a região central de Goiás", diz.

Reprodução/ sismo.iag.usp.br

Marcelo explica que abalos maiores, como os de magnitude 3, acontecem todo mês no país. "Às vezes temos registros maiores, como o tremor de terra que aconteceu ontem perto do município de Miranda, no Mato Grosso do Sul, que atingiu magnitude 4", diz.

Segundo ele, é possível que os moradores consigam sentir a terra tremer quando ocorrem abalos sísmicos como o de Miranda, mas é raro acontecerem acidentes ambientais a partir disso.

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"Estamos levantando mais dados e fazendo análises para chegar a uma conclusão sobre a relação entre os abalos sísmicos e o acidente", diz Marcelo.

Douglas Magno / AFP / Getty Images

Até a publicação deste post, foram identificadas seis vítimas do acidente, 637 pessoas perderam suas casas em Bento Rodrigues, além de diversas outras cidades que sofrem as consequências do acidente, com problemas como interrupção do fornecimento de água.

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