Grupo de homens dá parabéns para mulher por 10 anos de seu estupro

Viviane Teves começou a ser perseguida pelo WhatsApp após contar sua história no Facebook.

Na expectativa de ajudar outras mulheres que passaram pela mesma situação, a analista de redes sociais Viviane Teves relatou em seu Facebook que há 10 anos foi estuprada.

A postagem foi feita há quatro dias. Em entrevista ao BuzzFeed Brasil, Viviane contou que na ocasião foi abordada por um falso vidente na rua em um terminal de ônibus no centro de São Paulo. "Ele disse que iria fazer a pessoa de que eu gostava se apaixonar por mim e me levou a uma padaria. Lá colocou droga na minha bebida e me levou para um motel. Eu não conseguia fazer nada, a não ser sentir tudo. Não me mexia, não conseguia falar, só chorar. Depois disso roubou meu dinheiro, minha máquina fotográfica, tirou fotos minhas nua e foi embora", relembra.

Depois do relato, Viviane passou a ser perseguida por um grupo de homens que passaram a enviar "parabéns" pelos seus 10 anos de estupro por meio de mensagens do WhatsApp. Ela falou sobre as denúncias também em seu Facebook.

A postagem de Viviane já conta com mais de 3.400 curtidas e 2.700 compartilhamentos até a publicação deste post.

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"Simplesmente fizeram um grupo no Facebook, conhecido como Máfia da Barba, e disseminaram meu telefone para mandar parabéns pelo meu estupro".

Muitas das mensagens foram enviadas por ex-membros do grupo "Humor Negro", criado em 2004 por Viviane no Orkut e transferido depois para o Facebook.

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Uma das postagens feitas no grupo da comunidade no Facebook era essa abaixo, que foi removida pela rede social. Viviane diz que não tinha a intenção de agredir ninguém e que "abandonou tudo" conforme foi amadurecendo.

"Sempre tive como uma meta minha nunca atacar pessoas, mas sim fazer piadas com tragédias. Todos sabem o quanto o cyberbullying é cruel. Nessa comunidade [Humor Negro] surgiram muitos babacas. Eu tinha, na época, 16 anos e não fiz nada. À medida em que tive minhas responsabilidades, abandonei tudo e decidi que era hora de focar em coisas de adultos. Trabalho, filho, relacionamentos, etc", explica Viviane.

Procuramos um dos agressores, Eloy Felipe, e conversamos com ele via Facebook para saber por que ele mandou mensagens para Viviane. Ele justificou dizendo: "ela fazia comentários homofóbicos e zoava deficientes [no grupo Humor Negro]."

"É um humor mais pesado no qual [sic] a sociedade ainda não está adaptada", disse Eloy, via mensagem do Facebook. "E eu zoei mesmo, porque ela sempre gostou de attwhotizar", disse, referindo-se a uma gíria para "gostar de chamar a atenção".

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Viviane afirma que vai denunciar as agressões na Delegacia de Crimes Virtuais e está em contato com advogados.

"Eu sou forte, hoje. Mas na época eu tentei o suicídio. Fico feliz por hoje eu ter esse discernimento e entender que são apenas adolescentes, mas fico triste em saber que há pessoas tão cruéis neste mundo", disse.

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