O que você precisa saber sobre psoríase

Não, não é uma doença transmissível.

1. A psoríase é uma doença de pele composta de lesões que afeta cerca de quatro milhões de brasileiros.

Em entrevista ao BuzzFeed Brasil, a dermatologista Juliana Nakano, que é membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e médica do ambulatório de psoríase do Hospital Oswaldo Cruz e da Santa Casa de São Paulo, explica que "a psoríase é uma doença de pele que pode pegar órgãos internos. Ela também é crônica, ou seja, não tem cura e não é transmissível," diz.

Juliana explica ainda que se trata da "proliferação anormal da pele, uma inflamação composta de lesões vermelhas que descamam e podem ou não coçar".

Já Cid Yazigi Sabbag, Diretor do Centro Brasileiro de Estudos em Psoríase e autor de "A Pele Emocional, Controlando a Psoríase" faz questão de evidenciar que, ao contrário do que é amplamente disseminado, a psoríase não é só uma doença de pele e de fundo emocional. "É preciso deixar bem claro que é uma doença genética, inflamatória e imunológica".

Estima-se que 3% da população mundial seja portadora de psoríase. No Brasil seriam cerca de quatro milhões de pessoas.

2. Preconceito é uma das maiores dificuldades do combate à doença.

Segundo Juliana, "a psoríase se apresenta de diversas formas, a mais comum é em placas no cotovelo, joelho e couro cabeludo. Já algumas formas clínicas podem pegar toda a pele".

São três graus: o leve, o moderado e o grave. O diagnóstico, no entanto, não se dá necessariamente devido a extensão das lesões. "Todo paciente responde um questionário referente a qualidade de vida", explica Juliana. "Por exemplo, às vezes alguém tem lesões apenas na unha porém é dentista ou médico, então a lesão impacta o trabalho dele, e apesar de não ser transmissível pode gerar um desconforto," diz.

"A psoríase não tem cura, mas o preconceito tem. Como tem a escamação da pele as pessoas tem a ideia de que é uma doença infecto-contagiosa, o que não é o caso," afirma Cid.

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3. O tratamento especializado pode levar ao desaparecimento das lesões.

Juliana diz que, muitas vezes, os profissionais não sabem lidar com a doença. "Muitos pacientes fazem tratamentos com dermatologistas que não são especializados e acabam desistindo ao não ver melhoras". Cid completa afirmando que "muitos profissionais preferem a realização de consultas estéticas que são mais rápidas, além de não quererem pacientes descamando na sala de espera."

A dermatologista conta que com os medicamentos certos e o acompanhamento da equipe médica, existem casos de desaparecimento total das lesões. "Em especial quando o surto acontece na infância". Ela afirma ainda que é possível uma diminuição drástica das lesões, apenas com surtos esporádicos.

No geral, o surgimento das lesões se dá em duas fases, a chamada segunda década de vida (entre 10 e 20 anos), e entre a quinta e sexta década de vida (entre 50 e 70 anos). "No caso dos jovens, tem uma forte causa familiar, um componente genético mesmo," diz Juliana.

4. Bons hábitos também auxiliam o tratamento.

Para os três graus da psoríase alguns cuidados são essenciais. "A base do tratamento são os medicamento tópicos (cremes e pomadas) e respeitar as orientações dos fatores que melhoram em pioram a doença", explica Juliana.

Segundo a dermatologista, pioram os sintomas o tabagismo o consumo de bebidas alcoólicas, mesmo que ingeridas apenas socialmente, ansiedade, estresse, remédios para outras doenças e a manipulação da pele (como coçar ou arrancar casquinhas).

Já para a melhora, Juliana indica além da busca dos profissionais, a hidratação da pele, no mínimo uma vez por dia, alimentação balanceada, e cinco a dez minutos de sol quente, sem protetor solar, todos os dias. "O sol do meio dia mesmo. É preciso deixar a lesão exposta ao sol", diz.

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5. Em casos moderados e graves é preciso cuidado redobrado.

Nos casos moderados e graves, existe a chance de diversas doenças associadas como artrite psoriática (comprometimento das articulações), obesidade, diabetes, depressão, aumento do risco cardiovascular, alterações intestinais e até oftalmológicas.

Além do dermatologista, alguns casos moderados e graves contam com uma equipe composta de um endocrinologista e reumatologista "por conta do acometimento articular", conta Juliana. A dermatologista também indica o acompanhamento de um psicólogo e as vezes psiquiatra.

Cid aponta que pesquisas recentes mostram que, em especial nos casos moderados e graves, há "alterações no metabolismo, como aumento do colesterol, triglicerídeos, glicemia e peso". "Ou seja a psoríase engorda e tem bastante relação com doenças cardio cardiovasculares".

6. Mídia, poder público e pacientes precisam abordar o tema.

Cid explica que a faixa de valores dos medicamentos variam entre R$ 20 e R$ 7 mil e que muitos convênios médicos não cobrem o valor. "Por isso é importante o trabalho de conscientização do tema, da cobrança de políticas públicas", diz.

"Infelizmente ao solicitar os medicamentos através do convênio é preciso de mais laudos, aumenta a burocracia", conta Juliana. A dermatologista ressalta ainda a importância da facilitação de acesso a centros especializados.

"No mais, grandes celebridades internacionais com a Kim Kardashian, a cantora Britney Spears e a modela Cara Delevingne já falaram sobre a doença e vem ajudando a desmistificar a questão. Já aqui no Brasil, apenas o o ator Marcos Oliveira, que fazia o Beiçola da 'Grande Família', falou sobre a doença, precisa de mais gente falando," afirma.

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