Como a Veja desencadeou um debate feminista em meio à crise

Bela, recatada e o quê?

A edição extraordinária da Veja sobre o impeachment trouxe um perfil de Marcela Temer. Intitulado "Bela, recatada e do lar", ele descreve a personalidade da mulher de Michel Temer como se fosse uma revista dos anos 50.

Reprodução

"Marcela é uma vice-primeira-dama do lar. Seus dias consistem em levar e trazer Michelzinho da escola, cuidar da casa, em São Paulo, e um pouco dela mesma também (nas últimas três semanas, foi duas vezes à dermatologista tratar da pele)", diz um trecho do texto.

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Para rebater o ideal traçado no perfil, mulheres começaram a postar imagens suas mostrando que a diversidade do comportamento feminino vai muito além da tríade "bela, recatada e do lar".

Várias destas fotos estão elencadas num Tumblr que também ganhou o nome de "Bela, recatada e do lar".

A descrição do Tumblr é: "Tudo bem ser bela, recatada e do lar. Tudo bem ser o completo oposto disso. Porque ao contrário do que a Veja gostaria de impor, as mulheres vão ser o que elas bem entenderem!"

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Também compararam a ideia de "feminino" transmitida no perfil de Marcela e a ideia (inaceitável) do "feminino" destacada em uma capa recente de outra publicação semanal.

      

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Além de tudo isto, não é a primeira vez da Veja nesse campo, nem da repórter Juliana Linhares, que assina o perfil. A nota “Vamos Perguntar a Elas?”, publicada logo após o Oscar de 2015, chama de “mimadas” as atrizes que pediram igualdade salarial.

Reprodução/Clarissa Passos

"Elas usam roupas deslumbrantes com decotes equinociais, posam para capas de revistas, ganham centenas de milhares de dólares em comerciais de produtos de beleza e, muitas, vários milhões para fazer filmes ancorados em seu talento — e beleza —, mas sobem nos Louboutins quando ouvem a pergunta clássica do tapete vermelho: "De onde é o seu vestido?". Atrizes, ah, atrizes, tão belas, tão inteligentes — imaginem o QI necessário para superar a implacável concorrência — e tão mimadas que agora exigem falar só de assuntos sérios, como fez PATRÍCIA ARQUETTE ao ganhar o Oscar de melhor atriz coadjuvante por Boyhood e sacar de um par de óculos e um discurso engajado: um brado pela paridade salarial entre homens e mulheres em Hollywood. Então vamos perguntar a Patrícia, que, pobrezinha, tem uma fortuna de apenas 24 milhões de dólares: sabe a diferença entre salário e remuneração?", começa o texto.

Várias colunistas se colocaram contra a nota "Vamos Perguntar a Elas?" na época de sua publicação (março de 2015), como a Milly Lacombe e a Marina Santa Helena.

Reprodução / Via manancialvox.com

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