5 crises que Dilma precisa resolver urgentemente

Governo do país anda tropeçando mesmo em áreas que deveriam ser o forte do PT, como redução da miséria e custo da energia elétrica.

1. Dilma precisa reverter o alto custo da energia elétrica, que pode afetar o desempenho da indústria e causar desemprego.

Usina de Itaipu / Via companytour.com.br

A conta de energia elétrica para a indústria pode aumentar em até 53% a partir de março. O governo diz que o aumento é para subsidiar programas sociais e custear a operação das termoelétricas, usinas que estão em operação máxima para poupar a água das hidrelétricas, já que boa parte do país passa por uma grave crise hídrica.

O aumento pode causar demissões e fechamento de portas e fazer de 2015 um ano pior que o ano passado, quando o desempenho da indústria do país caiu 3,2%, um dos piores resultados da história.

O que não deveria acontecer, já que Dilma tem bastante experiência na área. Foi secretária de Energia, Minas e Comunicações no Rio Grande do Sul em 1993 e ministra de Minas e Energia do Brasil dez anos depois.

2. A presidente precisa admitir responsabilidade sobre a crise da Petrobras, que pode fazer com que o Brasil entre em recessão em 2015.

Ontem a presidente disse que a situação na estatal "está superada". A postura de Dilma pode deixar agências internacionais de classificação de risco inseguras, que podem desestimular o investimento na empresa e em outros setores do país, agravando a crise.

Dilma defendeu em entrevista coletiva, na última sexta, que “os atuais desvios de verba na Petrobras seriam menores se a empresa tivesse sido investigada no governo FHC", relutando em assumir responsabilidade sobre a maior crise da história da estatal.

Especialistas dizem que uma das consequências do chamado 'Petrolão' pode ser até mesmo recessão econômica em 2015. A redução nos investimentos da companhia, consequência da crise, pode chegar a R$ 40 bilhões, ou o equivalente a um ano e meio do Bolsa Família.

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3. O governo também precisa dar atenção ao número de pessoas miseráveis, que subiu pela primeira vez nos últimos dez anos. A redução da extrema pobreza sempre foi marca dos governos do PT.

O Brasil tinha 10,08 milhões de miseráveis em 2012 e o número de pessoas foi para 10,45 milhões em 2013, um aumento de 3,7%. Os números são do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O Instituto considera extrema pobreza a pessoa que não possui renda mensal suficiente para comprar o mínimo de comida para viver de forma saudável.

O governo disse que o percentual está dentro da margem de erro e o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, chegou a dizer que os dados da pesquisa poderiam estar incorretos.

O aumento da extrema pobreza tem como algumas das consequências mais violência (principalmente entre os jovens) e o aumento no número de doenças (e consequente sobrecarga no sistema público de saúde).

4. Dilma precisa assumir o papel do governo federal na crise hídrica e evitar que a economia sofra impacto negativo.

Luis Moura / ESTADÃO CONTEÚDO

Embora a distribuição de água seja uma atribuição estadual, o próprio Ministério Público avaliou que parte da responsabilidade da crise hídrica é também do Governo Federal. Foi a ANA (Agência Nacional das Águas) que liberou o aumento de vazão do sistema Cantareira, o que fez com que o volume das represas descesse mais rapidamente, por exemplo.

A falta de água, além de desabastecer a população, ameaça a economia por meio do impacto negativo na produção de empresas e indústrias, além de prejudicar diretamente o setor agrícola.

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5. Se não gerenciar os rachas internos do PT e as demandas de aliados como o PMDB, Dilma pode ter sua capacidade de governar limitada.

"Ou o PT muda ou acaba". A frase foi dita pela senadora petista Marta Suplicy, quando expôs ao Estadão um racha no partido entre "Lulistas" e "Dilmistas". Segundo Marta, Lula estaria extremamente incomodado com Dilma e teria reclamado que ela não o ouve.

Além dos problemas internos, a comunicação com o PMDB, parte da base aliada, sempre foi delicada. Mas a relação piorou desde a eleição do deputado Eduardo Cunha para a presidência da Câmara, conhecido desafeto do governo. Há até quem diga que o PMDB esteja procurando se afastar cada vez mais do governo para lançar uma candidatura própria à presidência do Brasil em 2018.

Os atritos podem ter impacto na governabilidade, ou seja, Dilma pode ter problemas em aprovar matérias de interesse do governo, ficar mais dependente da ala governista que se mantém fiel e ter que ceder cada vez mais às pressões por cargos e espaço.

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