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Pagamento de tuiteiros pró-PT tinha até contrato

O BuzzFeed News teve acesso à minuta de um contrato pela qual a empresa de um deputado petista prometia R$ 5 mil por dois meses de tuítes.

O #MensalinhoDoTwitter, como foi chamada a ação de influenciadores para fazer tuítes pagos — sem informar que eram pagos — a favor de políticos do PT, tinha até contrato com a empresa Fórmula Tecnologia, do deputado federal Miguel Corrêa, do PT de Minas. O BuzzFeed News teve acesso à minuta de um dos contratos, que prevê pagamento de R$ 2.500 mensais — o trabalho seria para agosto e setembro.

O caso foi exposto no sábado, quando uma série de influenciadores começou a publicar tuítes elogiosos ao governador do Piauí, Wellington Dias (PT), candidato à reeleição. A prática fere a Lei Eleitoral, que obriga as propagandas políticas a serem identificadas.

A intermediação com os influenciadores, que passaram a integrar um grupo de email e WhatsApp chamado Lulazord, foi feita pela agência Lajoy, também de Belo Horizonte. A firma é especializada em montar casting de celebridades de internet e apresentava aos influenciadores um briefing com o tema do dia, sobre o qual eles deveriam tuitar.

Sob garantia de sigilo, um influenciador contou ao BuzzFeed News como funciona o esquema. Ele foi procurado no final de julho pela Lajoy para fazer tuítes de viés de esquerda. Nos primeiros contatos, não foi informado que seriam postagens sobre o PT. O combinado era uma postagem no Twitter por dia.

Um dos briefings teve como foco criticar o desembargador do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) João Pedro Gebran Neto, quando foi noticiado que ele agiu para que o mandado de liberdade do ex-presidente Lula não fosse cumprido.

Em outro briefing, a ordem é "criticar o governo e/ou a direita". "Eu pensei: querem me pagar para falar o que eu já falo. E aceitei a proposta", disse o influenciador entrevistado pela reportagem.

Pelo perfil dos influenciadores, todos de esquerda, as primeiras postagens pagas passaram desapercebidas — até que, no sábado, influenciadores bem distantes do Piauí passaram a tuitar sobre Wellington Dias.

A Fórmula, empresa do deputado, que também é dono da Follow, trabalharia em parceria com a BeConnected, de um de seus assessores, Rodrigo Queles Teixeira Cardoso. Todas essas empresas dão o mesmo endereço como sede, em BH. Segundo Queles, que afirmou não ter pago pelo serviço dos influenciadores, o endereço reúne empresas de startup.

Apesar de o BuzzFeed informar ao deputado que estava em posse de uma minuta de contrato com valores, Miguel Corrêa enviou uma nota oficial à redação afirmando que o serviço dos influenciadores não era pago.

"Miguel sempre teve sua vida pública pautada na legalidade, seu histórico político prova isto. Nos últimos anos, tem despontado como referência na pauta da tecnologia, inovação e geração de empregos para a nova geração de jovens empreendedores, mulheres e pessoas que nunca tiveram condições de capilarizar suas idéias em grandes negócios. Esta foi sua pauta como professor universitário, empresário, político e secretário de estado. Além disto trabalhou diretamente com o desenvolvimento de startups, deste trabalho surgiram diversos aplicativos dentre eles o Follow, app do qual é é um dos fundadores.

Em alguns trabalhos Follow e Be connected apresentaram para clientes, análises de monitoramentos de redes de perfis reais de GRANDES INFLUENCERS (perfis com grande alcance) para apontar comportamento e análise deste novo ambiente de debate democrático, de onde nasceram movimentos de unificação de conteúdo.

Vale ressaltar que para realização de tal ação NUNCA existiu o pagamento de qualquer tipo de valor a estes perfis de grande influência", diz a nota do parlamentar.

A empresária Joyce respondeu ao BuzzFeed News por email. Disse que foi contratada para apresentar uma lista de influenciadores.

"Fui contratada, para o mês de junho e julho, pela empresa Be Connected para dar consultoria sobre quais jovens profissionais tecnológicos e digitais de esquerda eram aptos a construir e sugerir a melhor tática (conteúdo: posts, memes e gifs) de apresentar a proposta para quando chegasse o período eleitoral. Não havendo nenhuma contratação pela minha empresa para este período. Através da minha experiência, conhecimento e proximidade com os influencers, indiquei os que, como eu, discutem e fortalecem as causas progressistas de esquerda. Apenas seguindo a solicitação do nicho pedido pela Be Connected. A estratégia não feita pela Lajoy. Apenas indiquei o nicho solicitado."

Segundo o influenciador digital que pediu para ter seu nome preservado, a Lajoy tentou orientar os integrantes do Lulazord depois que os tuiteiros foram atacados na rede, no sábado. "Eles disseram: pessoal, vamos assumir que a gente é de esquerda e topou porque quis."

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