O que você precisa saber para entender o caso Feliciano
Deputado e pastor Marco Feliciano está sendo acusado de tentar estuprar jornalista. Ele nega, mas seu chefe de gabinete apareceu em vídeo oferecendo dinheiro para a jovem que o acusa. Entenda as reviravoltas do caso.
Expoente da bancada evangélica no Congresso, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) foi acusado de tentar estuprar a jornalista Patrícia Lélis, uma youtuber evangélica e militante do mesmo partido do deputado.
- O ataque teria acontecido no apartamento funcional do deputado no dia 15 de junho. Mas o caso ganhou contornos.
- Primeiro, Patrícia negou o ataque e denunciou uma armação contra o deputado.
- Depois, ela disse que foi forçada a gravar um vídeo para inocentar o deputado porque teria sido sequestrada.
- Mas a polícia obteve imagens e um vídeo que indicam que houve negociação de dinheiro para abafar a denúncia.
- R$ 20 mil foram apreendidos que eram parte do acordo para silenciar Patrícia.
- Em nova versão apresentada à polícia, chefe de gabinete de Feliciano diz que tirou os R$ 20 mil das próprias economias e contou que o deputado não sabia.
#1 - A coluna Esplanada, do portal Uol, publica que uma jovem foi vítima de uma tentativa de estupro pelo deputado Marco Feliciano no dia 2 de agosto.
Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
#2 - Patrícia Lélis divulga dois vídeos em que desmente as acusações e diz que a denúncia é uma tentativa de "esquerdinhas" para "destruir a direita".
#3 - Patrícia procura a polícia para contar do ataque sexual e dizer que foi mantida em cárcere privado e ameaçada com arma pelo chefe de gabinete de Feliciano, Talma Bauer, para gravar os vídeos com os desmentidos.
#4 - Na mesma sexta, dia 5, o delegado da Polícia Civil de São Paulo Luis Roberto Hellmeister manda deter Bauer no hotel onde Patrícia estava supostamente sequestrada e o leva para prestar depoimento. O delegado está prestes a pedir prisão provisória por suspeita de sequestro qualificado.
#5 - Emerson Biazon, uma testemunha ligada a Patrícia, desmentiu a jovem sobre a história do sequestro. Ele contou que a jovem negociou dinheiro para gravar os vídeos. R$ 20 mil que teriam sido entregues por Bauer foram apreendidos.
Ele, Biazon, entregou R$ 20 mil que seriam entregues a Patrícia em nome de Bauer. Patrícia e Bauer negaram o acerto financeiro.
O delegado desiste de pedir a prisão do chefe de gabinete de Feliciano por suspeita de sequestro. Mas continua investigando o assessor por coação mediante pagamento
#6 - Feliciano grava um vídeo. Ele nega a acusação da tentativa de estupro, chama a versão de Patrícia de grande "farsa"
#7 - Imagens do circuito interno do hotel San Rafael em São Paulo mostram vários encontros entre Patrícia Lélis e o chefe de gabinete de Feliciano. Numa delas, eles se abraçam e conversam em um sofá. A versão da ameaça se torna insustentável.
Reprodução
#8 - Em Brasília, Patrícia formalizou a denúncia de tentativa de estupro contra Feliciano na Polícia Civil. E, numa entrevista coletiva no Congresso Nacional, ela negou ter recebido dinheiro para esconder o ataque sexual.
Reprodução / Mídia Ninja
#9 - Emerson Biazon, a testemunha que desmontou a versão de sequestro, diz que a propina pedida de Feliciano pelo silêncio de Patrícia foi de R$ 1 milhão. Talma Bauer teria reduzido o valor para R$ 300 mil dos quais R$ 70 mil foram entregues a intermediários de Patrícia Lélis.
Em 9 de agosto, Emerson Biazon introduz um novo personagem: identificado como Artur Mangabeira, que teria sido indicado por Patrícia para intermediar o o dinheiro. Biazon diz que Mangabeira começou pedindo R$ 1 milhão, mas teria recebido R$ 50 mil de Bauer e sumido. Biazon entrega à polícia um vídeo com a conversa em que Patrícia e Bauer negociam o pagamento em troca do silêncio.
#10 – Neste vídeo em poder da polícia, o chefe de gabinete de Feliciano e a mulher que acusa o deputado de tentar estuprá-la negociam o dinheiro.
#11 - Mesmo com a perda de credibilidade Patrícia Lélis na história do sequestro, o deputado Marco Feliciano não explicou por que o seu chefe de gabinete estava negociando pagar a ela, se não houve a tentativa de estupro.
Feliciano manteve Talma Bauer no cargo, mesmo depois do vídeo. Oficialmente, o chefe de gabinete está em licença médica.
Câmara dos Deputados
Na segunda-feira, Bauer, que mora na grande São Paulo, esteve em Brasília para conversar com o deputado, que nega ter recebido Patrícia em seu apartamento funcional, onde, segundo ela, teria ocorrido o caso de suposta violência sexual.
O chefe de gabinete teve uma reunião privada com o deputado e apresentou um atestado médico pedindo seu afastamento por dez dias.
Segundo a assessoria de Feliciano, Bauer sofre de diabete e hipertensão. Na terça-feira, Bauer iria ao 3o DP de São Paulo prestar novos esclarecimentos, mas alegou estar doente.
#12 –Apesar do vídeo onde aparece negociando dinheiro, Patrícia Lélis mantém a versão de que foi ameaçada para inocentar Feliciano.
O advogado de Patrícia Lélis, José Carlos Carvalho, afirmou nesta sexta-feira ao BuzzFeed Brasil que a youtuber mantém a acusação de sequestro e diz que foi obrigada a fazer todos os vídeos, inclusive aquele em que aparece negociando dinheiro com Talma Bauer.
“Segundo Patrícia, ela foi forçada a dizer isso”, disse Carvalho.
O advogado falou ainda que Patrícia foi obrigada a comprar maquiagem e se maquiar em uma loja de shopping porque o assessor de Feliciano considerou que o primeiro vídeo gravado desmentindo a acusação de assédio estava mal feito e queria uma versão mais produzida.