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Delator da JBS cita "coronel" como carregador de mala de propina

PF suspeita que "coronel" seja um dos principais amigos de Temer, o coronel reformado da PM João Baptista Lima Filho, chamado nas investigações de "coronel Lima". Ele não prestou depoimento porque está doente e foi operado nesta quarta.

Já citado como recebedor de R$ 1 milhão destinados a Temer na eleição de 2014, o nome do coronel reformado João Baptista Lima Filho voltou à cena no relatório parcial da Polícia Federal (PF), entregue esta semana ao Supremo Tribunal Federal.

Na conversa em que o delator e executivo da JBS Ricardo Saud combina a entrega de R$ 500 mil para Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor de Temer, os dois discutem qual seria o melhor carregador da propina semanal, paga pela JBS para ser favorecida em negociações sobre energia elétrica.

"Pô, eu ja entreguei dinheiro demais para o coronel lá, nunca deu problema", disse Saud, ao que Rocha Loures respondeu: "O coronel não pode mais. E outros não podem mais". Saud lamenta: “Ah, ele não pode mais? Se fosse ele, não teria problema nenhum”.

Para a PF, "é possível que o coronel citado seja João Baptista Lima". Ele é o único "coronel" mencionado até agora nas investigações.

O coronel Lima enviou laudos médicos para justificar a ausência no depoimento. Em documento enviado à PF, o médico neurologista Rodrigo Barbosa Thomaz afirma que "a situação do senhor João é delicada".

Lima está internado no hospital Albert Einstein e, nesta quarta (21), passou por uma cirurgia.

No conteúdo da conversa, a PF destaca que Saud e Rocha Loures têm dificuldade de estabelecer o nome da pessoa que passaria a receber os pagamentos de propina feitos pela JBS.

Saud revela seu esquema preferido de entrega de dinheiro e dissuade Rocha Loures de esconder a propina por meio de notas frias.

Saud gosta de usar o estacionamento de uma escola mantida pela própria JBS em São Paulo. A escola fica ao lado de uma unidade da empresa. Ele diz que o novo emissário poderá entrar na escola e dizer que vai falar com o "professor Ricardo", porque ele, assim como outros diretores da JBS, dá aula para os adolescentes.

“E lá dentro é muito seguro, não tem nada, entra pela escola. Não entra na JBS, não. Dá a volta, entrada da escola, [diga] ‘vou lá falar com o professor Ricardo’. Que eu sou professor lá mesmo", combina Saud.

O delator da JBS também sugere uma forma de esconder a propina: uma caixa de isopor com carne por cima. O esquema de esconder dinheiro em caixas com carne foi citado na operação Carne Fraca como um dos meios usados para subornar agentes públicos.

“Tem vez que ele [a pessoa incumbida de pega a propina] pode até levar uma caixa de isopor, tá buscando carne, entendeu? 'E minha carne ai, tal…' Muita gente faz isso. Eu acabo pondo umas picanhas mesmo por cima assim, tal... Não tem imposto, não tem nada.

Dia da propina foi o da greve geral

O encontro de Loures e Saud ocorreu no dia 28 de abril, dia da greve geral. O primeiro local indicado para o encontro foi o restaurante Senzala, que fica a menos de um quilômetro da casa de Michel Temer. Saud mudou o endereço do encontro.

Naquela noite, o restaurante foi alvo de depredação por manifestantes black bloc que rumavam no protesto até a casa de Temer. O ato aconteceu por causa do nome do restaurante, local que Temer gosta de frequentar.

Manifestantes com máscaras atiram pedra em restaurante que leva o nome de Senzala. Luminoso e carros depredados.

O novo endereço do encontro foi um café na Vila Olímpia e os dois conversaram também em um restaurante. Saud disse a Rocha Loures que, ali, caso fossem encontrados, ele poderia dizer que foi comprar "uma calça".

A entrega do dinheiro, no entanto, foi em uma pizzaria fora do shopping. Ali, Loures foi filmando pela PF com a mala de dinheiro.

A reportagem entrou em contato com o escritório de Cristiano Rêgo Benzola de Carvalho, advogado que representa o coronel Lima, na quarta-feira (21). Este post será atualizado caso haja posicionamento.

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