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A prisão de Lula por corrupção "não tem nada a ver" com a da ditadura, diz companheiro de cela no DOPS

"Nós estávamos presos em 1980 porque dirigíamos uma greve de metalúrgicos por aumento de salário. Ele está preso hoje acusado de corrupção, de desviar dinheiro público", diz Zé Maria, que passou 31 dias preso com Lula.

Companheiro de cela de Lula no DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) em 1980, José Maria de Almeida, o Zé Maria, 60, lidera o único partido de esquerda que se negou a fazer parte da frente que defende a libertação do ex-presidente, preso em Curitiba desde sábado (7).

No comando do PSTU, Zé Maria critica o petista por comparar a prisão decretada pelo juiz Sergio Moro com os 31 dias que passou detido durante a ditadura militar.

"Nós estávamos presos em 1980 porque dirigíamos uma greve de metalúrgicos por aumento de salário. Ele está preso hoje acusado de corrupção, de desviar dinheiro público. Por favor, não tem nada a ver uma coisa com a outra", disse Zé Maria ao BuzzFeed News.

Lula, Zé Maria e mais de uma dezena de sindicalistas foram presos pelo DOPS em abril de 1980, ao comandarem a greve dos metalúrgicos do ABC. Ficaram todos na mesma cela. "Uma cela apertada", afirmou Zé Maria. Segundo o sindicalista, os metalúrgicos quiseram ficar juntos apesar do aperto. Foram 31 dias de prisão.

Na época, Lula foi condenado a três anos e meio de prisão; Zé Maria, a dois anos e meio. "Depois, ganhamos o direito de recorrer em liberdade e derrubamos a pena no Superior Tribunal Militar, que anulou o julgamento na Auditoria de Guerra de São Paulo", disse Zé Maria.

"Aquele era um processo que tinha a ver com uma greve, com uma luta dos trabalhadores contra a exploração. É um processo que tem uma qualidade completamente diferente, oposta ao problema que está posto hoje", disse Zé Maria.

"Porque a corrupção tira dinheiro que deveria ser usado para garantir médico, saneamento, educação, moradia para o povo pobre. É dinheiro que vai para enriquecer os grandes empresários, os políticos corruptos. É disso que o Lula está sendo acusado", afirmou ele.

O PSTU nasceu em 1993 de uma corrente de divergência do PT, a Convergência Socialista. "O que está acontecendo com Lula e o PT é resultado das escolhas fizeram. Buscar uma aliança com o grande empresariado, para ir ganhando eleições, e depois o acordo que ele fez com o grande empresariado e com as oligarquias políticas para poder governar, não poderia dar em outra coisa", disse.

Sem instância nenhuma

"Fazem esse escândalo todo por conta de uma prisão depois de um julgamento de segunda instância, dizendo que está ferindo o direito à presunção de inocência, certo? O Brasil tem cerca de 300 mil pessoas presas sem julgamento nenhum, em nenhuma instância. Quando Lula começou a governar, era mais ou menos 80 mil; quando ele saiu do governo, era mais ou menos 280 mil", disse Zé Maria.

Mas o presidente do PSTU em um ponto disse concordar com o petista. "Eu concordo com uma coisa que o Lula fala, que é a seletividade da Justiça. Mas qual a solução? Impunidade para todo mundo? Não! Temos que exigir que pegue todo mundo. Cadê os outros? Se o Lula está preso por corrupção, e o Temer, o Aécio Neves, o Alckmin, o Renan Calheiros, o Romero Jucá?"



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