A análise pericial feita pela Polícia Federal na gravação da conversa entre o empresário Joesley Batista, da JBS, e o presidente Michel Teme (PMDB) diz que não houve manipulação para a alteração de seu conteúdo.
Apesar de picos que poderiam sugerir edição, o laudo aponta que as descontinuidades não comprometem a integralidade do áudio e que elas foram causadas pelo tipo de gravador usado, que para economizar bateria tende a interromper o registro em momentos de silêncio.
Na prática, o laudo mostra que a conversa não foi adulterada para a inserção nem para a retirada de trechos. O relatório da PF com tais informações será enviado ao STF na segunda-feira. A informação sobre a perícia foi divulgada agora há pouco pela Folha de S.Paulo e confirmada pelo BuzzFeed Brasil.
O áudio em questão foi gravado por Joesley com Temer em março deste ano. Nele, entre outros tópicos que sugerem crimes, o empresário pede que o presidente lhe dê um novo interlocutor para tratar de assuntos de interesse da JBS.
Ouve de Temer que, com o ex-ministro Geddel Viera Lima fora de circulação, o contato para tratar de “tudo” seria o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).
Após a conversa, em ações controladas pela Justiça, Loures foi flagrado recebendo de um dos delatores da JBS uma mala com R$ 500 mil em propina.
Realizada a perícia, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acrescentará as informações técnicas sobre a gravação na denúncia de corrupção que apresentará contra Temer na próxima terça-feira.
Desde que o material veio à tona, quando o presidente da República passou a ser formalmente investigado pelo STF, a defesa de Temer vem rebatendo a gravação.
Ela chegou a contratar o perito Ricardo Molina para desqualificar o áudio, que o tachou como imprestável para um processo judicial.
Na próxima semana, com a apresentação da denúncia, o STF enviará o processo para a Câmara dos Deputados, que pode autorizar ou barrar a ação enquanto Temer exerce o cargo de presidente da República.
Além de desqualificar o áudio, o presidente Michel Temer negou as acusações feitas por Joesley.