A nomeação do delegado Fernando Segóvia, tido como próximo ao ex-presidente José Sarney, para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal agradou políticos e desagradou os delegados da corporação.
Entre os policiais, Segóvia é tido como pessoa de fácil trato e que interage com as diferentes carreiras da PF. Devido a isso, conta com o apoio de sindicatos e associações que representam policiais, peritos e papiloscopistas. O entusiasmo já não é o mesmo entre seus colegas de carreira, os delegados.
A ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal) defende que a escolha do diretor-geral seja feita por meio de lista tríplice, e não somente por uma decisão política.
Entre os delegados, também existem avaliações diversas sobre Segóvia. Alguns temem que a PF possa passar por uma fase mais fechada e com dificuldades para a Lava Jato.
Outros entendem que o seu perfil é conciliador, o que seria mais apropriado para o cargo do que outros nomes ventilados nos últimos meses.
No campo político, a nomeação agradou. Em primeiro lugar porque o delegado Rogério Galloro — preferido do atual diretor-geral, Leandro Daiello, e tido como de perfil técnico — não foi o escolhido.
Em segundo, porque a nomeação foi interpretada, em especial por deputados e senadores enrolados na Lava Jato, como uma mudança de rumos na PF.
Nos bastidores, Segóvia é tido como uma pessoa próxima de José Sarney e do PMDB. Teve sua indicação defendida pelo ministro Eliseu Padilha e apoiada pelo sub-chefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, Gustavo Rocha.
Ele também já foi superintendente da corporação no Maranhão e trabalhou no governo do Distrito Federal no início dos anos 1990, na gestão de Joaquim Roriz.