Na última transmissão ao vivo antes das eleições, o líder das pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL), tentou conter danos de declarações que fez no passado sobre mulheres, negros e gays e fez um aceno às minorias. Favorito para vencer neste domingo, o candidato do PSL disse que não acredita que o rival, Fernando Haddad (PT), consiga tirar a diferença entre 15 e 18 milhões de votos.
Ao lado do deputado federal eleito mais votado do Rio de Janeiro, subtenente Hélio Fernando (PSL), que é negro e foi por ele apadrinhado na eleição, Bolsonaro disse que é preciso se acabar com divisões entre brancos e negros, gays e héteros.
"Queremos um país livre deste preconceito, branco e negro, homo e hétero… Alguém sabe se eu sou gay? E se for? Qual o problema? Não podemos admitir é que nas escolas você leve aquela cartilha. Só isso, mais nada. Vamos ser felizes”, disse.
No passado, o candidato já afirmou que mulheres podem ganhar menos que homens e dito à deputada Maria do Rosário que não a estupraria pois ela não merece, Bolsonaro alegou que no parlamento não há nenhum deputado que defende mais o gênero feminino do que ele.
"Defesa da mulher, duvido de alguém que defenda mais a mulher do que eu dentro do Parlamento, com projetos sérios, para punir quem faz maldade com mulher, como, por exemplo, a castração química [dos estupradores]".
A transmissão teve mais de 1 milhão de visualizações pelo Facebook e estava com 146 mil compartilhamentos no momento de publicação deste post.
No vídeo, Bolsonaro também entrou na polêmica sobre as ações da polícia, a mando da Justiça Eleitoral, em universidades públicas, por considerarem cartazes contra o fascismo propaganda eleitoral. Neste sábado, a ministra do STF Cármen Lúcia, suspendeu estas ações em todo país.
Bolsonaro afirmou que, se alguém de seu grupo colocasse numa universidade faixas contra a corrupção, seria escorraçado. Disse ainda que universidades não são lugares para protestos, mas sim para formar profissionais para o mercado de trabalho, não militantes de esquerda.
Por fim, mesmo dizendo que Fernando Haddad (PT) não deve conseguir virar o quadro eleitoral, que a depender da pesquisa o apresenta com uma liderança de 15 a 18 milhões de votos, pediu que a militância siga aguerrida para garantir a vitória neste domingo.
DIA DO CANDIDATO
Ainda recluso em sua residência, Bolsonaro não teve compromissos oficiais neste sábado. Na parte da manhã recebeu em sua casa, no Rio de Janeiro, o pastor Silas Malafaia.
Segundo ele, Bolsonaro está evitando o clima de já ganhou e segue cobrando a militância para que busque votos. O pastor ponderou, no entanto, que embora evitem o clima de antecipar a vitória, há certa confiança de que as urnas neste domingo corresponderão com as pesquisas e confirmarão Bolsonaro como presidente.
Do lado de fora do condomínio fechado onde vive, o dia foi marcado por movimentações de cabos eleitorais e militantes que apoiam o capitão.
Por grande parte do dia cabos que trabalham para os candidatos ao governo do Estado, Wilson Witzel (PSC) e Eduardo Paes (DEM) ocuparam as laterais das pistas e pediam votos para motoristas que trafegavam pela avenida.
Apesar de defenderem candidaturas opostas para o governo, não houve nenhum momento de tensão entre os cabos eleitorais, somente gritos e palavras de ordem com certa provação ao adversário, mas não era raro ver pessoas contratadas para balanças as bandeiras de Paes ao lado daquelas que trabalhavam para a campanha de Witzel.
Fora isso, o candidato seguiu com sua rotina de usar as redes sociais para atacar adversários ou divulgar propostas.
Após o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa ter anunciado apoio a Fernando Haddad, Bolsonaro foi ao Twitter dizer que já está na história o voto do então magistrado no processo do mensalão, quando falou que o capitão, na época filiado ao PTB de Roberto Jefferson, não votou conforme orientações do PT num dos projetos em que houve pagamento de propina, no caso, o da Lei das Falências.
Segundo Bolsonaro, essa é a prova de que ele não se envolver em esquemas de corrupção.
A resposta de Bolsonaro não agradou Barbosa, que considerou estar havendo uma manipulação por parte do candidato.
O ex-presidente do STF, também pelo Twitter, disse que Bolsonaro está espalhando informações falsas em suas redes sociais.