Marcelo Odebrecht vai dizer que Dilma sabia do esquema de propinas, dizem investigadores

    Ex-presidente da maior construtora do país deverá corroborar versão do marqueteiro João Santana na ação de cassação da chapa Dilma/Temer. Odebrecht também deve esclarecer sobre repasse de dinheiro a Eliseu Padilha.

    O ex-presidente da maior construtora do país – Marcelo Odebrecht – deve dizer à Justiça Eleitoral nesta quarta-feira que Dilma Rousseff sabia do esquema de desvios de recursos da Petrobras.

    De acordo com pessoas que participaram do processo de delação premiada da companhia, nos chamados anexos da colaboração de Marcelo, o executivo afirmou que a ex-presidente tinha conhecimento do esquema e que soube, pelo menos num contrato específico, de desvio de dinheiro da estatal que foi parar no caixa do PT e do PMDB.

    Marcelo, que prestará depoimento nesta quarta-feira no processo que corre no Tribunal Superior Eleitoral e pede a cassação da chapa Dilma/Temer, também deve corroborar declarações do ex-marqueteiro da presidente Dilma, João Santana.

    Responsável pelos programas que ajudaram a eleger a petista, João Santana já disse à Justiça que recebeu dinheiro em contas no exterior e que Dilma sabia dos procedimentos ilegais.

    Quando for questionado nesta quarta, Marcelo deverá confirmar a versão de Santana. Em seus anexos, ele também diz que Dilma tinha ciência dos pagamentos feitos ao marqueteiro no exterior.

    O depoimento de Marcelo será possivelmente um dos últimos na instrução do processo que pede a cassação da chapa Dilma/Temer.

    Depois dele, ainda serão ouvidos alguns ex-executivos da empreiteira, entre eles Alexandrino Alencar e Cláudio Melo Filho.

    Segundo a delação de Melo Filho, recursos para o PMDB foram negociados por Marcelo Odebrecht diretamente com Michel Temer num jantar no Palácio do Jaburu.

    Ainda conforme a delação, ficou combinando que a empreiteira repassaria R$ 10 milhões ao PMDB. Do total, R$ 6 milhões seria destinados a Paulo Skaff, que nega as informações, e os outro R$ 4 milhões ficariam sob a responsabilidade de Eliseu Padilha - que também nega a versão.

    Recentemente, em depoimento à Procuradoria-Geral da República, José Yunes, amigo e ex-assessor especial de Temer, corroborou parte da delação de Melo Filho.

    O ex-executivo havia dito que o escritório de advocacia de Yunes teria sido palco de repasse de dinheiro vivo da cota de Padilha.

    Em seu depoimento, o amigo de Temer confirmou que, apedido de Padilha, um "pacote" foi entregue em seu escritório pelo doleiro Lúcio Funaro, que atualmente está preso.

    A expectativa é que o relator Herman Benjamin encerre a instrução após as oitivas e deixe o processo pronto para a apreciação do plenário.

    Advogados dos executivos da Odebrecht pediram ao TSE para que os depoimentos de seus clientes permaneçam em sigilo porque o conteúdo de suas delações também está.

    Novas nomeações podem salvar Temer

    Na Justiça Eleitoral a briga não se dará entre a possibilidade de se condenar ou não a campanha – que a maioria no TSE já acredita ter sido irregular – mas sim na perspectiva de separação das contas de Dilma e de Michel Temer.

    Hoje, no TSE, dos sete ministros, três querem separar a chapa, permitindo que Dilma Rousseff seja punida e que Michel Temer siga presidente da República como se sua campanha tivesse sido separada da de Dilma. São eles: Gilmar Mendes, Luiz Fux e Napoleão Nunes Maia Filho.

    Nos próximos meses haverá substituições no TSE. Com isso, apesar do voto de Herman Benjamin, que deve ser pela cassação de toda a chapa, o governo terá a chance de indicar novos ministros.

    Basta que um deles seja favorável à tese da separação das chapas para que Temer seja liberado para concluir seu mandato.

    Outro lado

    Quando a delação de Melo Filho foi divulgada, Michel Temer disse que os recursos repassados pela Odebrecht ao PMDB foram legais e corretamente declarados à Justiça Eleitoral.

    Procurado pelo BuzzFeed, o advogado Flávio Caetano, da campanha de Dilma, disse que todos os recursos utilizados no pleito foram arrecadados de forma transparente e em respeito à legislação eleitoral. Com todas as informações prestadas ao TSE.

    Além disso, Dilma tem negado sistematicamente qualquer malfeito nos casos envolvendo a Lava Jato.

    Sua assessoria foi procurada pelo BuzzFeed. Tão logo ela se manifeste, seu posicionamento será publicado neste espaço.


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