Tentando viabilizar sua candidatura ao Palácio do Planalto, o ex-presidente Lula fez um discurso inflamado em Brasília repetindo, sempre que pôde, a retórica do “nós contra eles”.
O evento, que discutia a educação, acabou servindo de palco para que o ex-presidente criticasse o governo e Temer e fizesse uma comparação entre sua gestão e que taxou como dos “golpistas”.
"Me parece que o que permeou a cabeça da elite brasileira é que universidade e educação é coisa pra gente fina, para as pessoas que moram na casa grande. Os da senzala tem que aprender a trabalhar, a comer mal e a viver mal”, disse o ex-presidente.
Após o exemplo da educação, Lula não parou de repetir retórica sobre as elites. Disse, por exemplo, que eles nunca deixariam uma uma mulher negra ser secretária da educação, pois iriam preferi-la como empregada doméstica.
Falou que "eles" não suportam que pobres andem de avião, peçam férias, que domésticas tenham acesso ao FGTS ou frequentem espaços como teatros.
"Essa gente pensa que as camadas mais pobres da população não gostam de coisa boa. Acham que a gente só gosta de carne de terceira (…) Essa gente, quando os pobres começaram a chegar nos aeroportos, dizia que o aeroporto da cidade estava virando uma rodoviária”.
Sobre economia, o ex-presidente disse que o governo Michel Temer está vendendo ativos nacionais abaixo do preço e fazendo acordos não vantajosos com o mercado.
"Um país em que os golpistas estão destruindo a cultura, educação, investimento em ciência e tecnologia, e o mercado exige que, para um presidente da Republica ter o apoio do mercado, ele tem que dizer em alto e bom som que é preciso acabar com as conquistas dos trabalhadores, acabar com a previdência”.
Sobre sua candidatura, disse que basta o Judiciário juntar “meia dúzia de juízes” e proibir sua eleição.
Mas isso, segundo Lula, não acabaria com o problema “deles”. O ex-presidente ainda disse que, quem não acredita no seu poder como um eventual cabo-eleitoral, que o teste.
MORO
No discurso o ex-presidente disse que a Polícia Federal e o Ministério Público não o respeitaram, e que o juiz Sérgio Moro, que já o condenou no caso do triplex, não deveria ter aceitado os argumentos dos investigadores.
"Eu não quero nem que o Moro me absolva, só quero que ele peça desculpa."
BOLSONARO
O ex-presidente ainda fez críticas ao também pré-candidato Jair Bolsonaro. Ele citou reportagens dando conta que o adversário está agradando o mercado. Por isso, disparou:
"Se o Bolsonaro agrada o mercado nós do PT temos que desagradar o mercado."