O ministro do STF Gilmar Mendes, presidente da Segunda Turma da Corte, soltou o verbo na tarde desta terça-feira, colocou em xeque parte das provas da Lava Jato e insinuou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pode estar querendo destruir parte da classe política para ele mesmo se lançar candidato.
Ao iniciar a sessão, Mendes citou coluna da Ombudsman da Folha de S. Paulo, Paula Cesarino, que no domingo criticou uma entrevista coletiva "em off" (quando a fonte das informações mantém seu anonimato), supostamente concedida por integrantes do Ministério Público, em que teriam sido repassados alguns nomes investigados pela Procuradoria.
Segundo ele, vazamento de informações sigilosas por funcionário público é um crime. Ele ainda defendeu que, nestes casos, uma prova legal, como uma delação (no caso ele tratava das delações da Odebrecht), pode ser invalidada por um vazamento ilícito.
Não obstante, o ministro ainda disse que jornais mostram que em alguns destes que estão vazando informações há "intuitos políticos".
Sem citar o nome de Rodrigo Janot, disse o seguinte:
"Não são poucos os jornais que apontam exatamente nestes vazadores intuitos políticos, inclusive se lançando candidatos. Então me parece que isso tem que ser discutido. Se se trata de projeto político saia do órgão ministerial e vá pra rua obter voto. Agora, se se quer aproveitar da PGR (…) de poderes como o que nós demos, como o da investigação, para agora se candidatar, inclusive destruindo, talvez até intencionalmente toda uma classe política, para se colocar no lugar… respeite um pouco a inteligência alheia, mas respeitem a lei. Não há nenhuma dúvida que aqui está narrado um crime, a PGR não está acima da lei. (…) É grande nossa responsabilidade sob pena de nós transformamos esse tribunal num fantoche da PGR."
No discurso, Mendes também atacou a operação Carne Fraca, disse que a divulgação de informações generalizando problemas no setor foi uma irresponsabilidade.
Mas, segundo ele, como há o exemplo do mal feito na PGR, todos se arvoram a fazer o mesmo e não temem ser punidos.
De acordo com Mendes, há até mesmo chantagens e vazamentos com intuito destrutivo, como a revelação de áudio entre um dos investigados da Carne Fraca e o ministro da Justiça, Osmar Serraglio.