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Juiz "caseiro" é um risco na Olimpíada de Inverno

Nos níveis mais altos da patinação artística, juízes dão notas mais altas para atletas de seus próprios países, apontou uma análise de dados realizada pelo BuzzFeed News. E 16 dos juízes que favorecem seus compatriotas estarão na Olimpíada...

Este post é baseado em uma investigação do BuzzFeed News realizada por Rosalind Adams e John Templon. Você pode ler a versão original na íntegra aqui (em inglês).

Nos mais altos níveis da patinação artística, os juízes muitas vezes favorecem os atletas de seu próprio país na hora da pontuação, aponta uma investigação do BuzzFeed News.

A preferência por atletas “de casa” é motivo de rumores há muito tempo, mas a análise estatística exclusiva do BuzzFeed News oferece pela primeira vez evidências avassaladoras da prevalência da prática no esporte.

Dos 48 juízes que participarão das Olimpíadas de Inverno na Coreia do Sul, 16 se enquadram no padrão de preferência por atletas de seus países. Esse padrão é tão consistente, que as chances de que o comportamento seja aleatório são menores de 1 em 100 mil. Fazem parte desse grupo os três enviados pela Rússia, três da China, dois do Canadá e dois dos Estados Unidos.

Em mais de 1 600 performances, os juízes deram, em média, uma vantagem de 3,4 pontos para os atletas de seus países – uma porcentagem pequena diante da nota total, mas em alguns casos suficiente para alterar o resultado final. A vantagem foi observada em todas as modalidades do esporte: masculino, feminino, duplas e dança no gelo.

O fenômeno é particularmente visível nos países que dominam o esporte. Os juízes chineses deram, em média, 4,6 pontos a mais para os patinadores do país, a maior vantagem observada entre os países com mais de 50 casos de atletas julgados por seus compatriotas. Juízes de Itália, Rússia, Estados Unidos e Canadá deram aos atletas “de casa” um empurrão de mais de 3,4 pontos.

Notas mais altas para patinadores do mesmo país não significam necessariamente que o juiz esteja tentando favorecer o atleta; elas podem indicar preferência por um estilo regional de patinação, ou inclinação por atletas que chamaram a atenção dos juízes; ou então patriotismo. Os juízes costumam conhecer os atletas de seus próprios países: acompanham suas carreiras no esporte, os julgam com frequência em competições nacionais e conhecem bem suas rotinas – fatores que podem influenciar a perspectiva dos juízes.

A Federação Internacional de Patinação (ISU, na sigla em inglês) – entidade que governa o esporte – tem um algoritmo próprio para detectar erros de pontuação ou eventuais favorecimentos. Mas há quem diga que o sistema não é eficaz.

Dois ex-integrantes da cúpula da ISU, cujas funções incluíam a supervisão e a eventual punição dos juízes – disseram ao BuzzFeed News que o algoritmo pega apenas os erros mais extremos. E, diferentemente da análise estatística do BuzzFeed News, o sistema da ISU só considera performances isoladas, apontando as notas muito diferentes da média.

Se um juiz der uma nota muito mais alta para um atleta de seu país em comparação com os outros julgadores, o algoritmo detecta a anomalia, e um comitê técnico faz uma análise para decidir se houve erro ou favorecimento. No entanto, o algoritmo não faz um acompanhamento das notas ao longo do tempo. Portanto, o sistema não vai apontar um juiz que tenha dado uma nota ligeiramente maior para patinadores de seu país – mas que tenha feito isso de forma consistente, em várias performances e ao longo de vários anos.

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