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Recrutados pelo Estado Islâmico na Europa têm um ponto em comum: passagem pela prisão

Estudo analisou 225 casos de terrorismo. Membros do EI da França e do Reino Unido normalmente já haviam passado pela prisão antes de se juntarem à facção terrorista.

BRUXELAS — Mais da metade dos europeus que se juntaram à facção terrorista Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque tinha antecedentes criminais não relacionados a atividades terroristas, de acordo com um grupo de pesquisa que estuda questões de segurança internacional.

O estudo, feito pela Globsec, empresa de pesquisa da Eslováquia, confirma o que já se suspeitava há muito tempo — a prisão é uma zona de recrutamento para grupos extremistas.

A preocupação é tanta entre as autoridades francesas que, em fevereiro deste ano, o sistema prisional do país começou um programa para isolar todos os 1.500 prisioneiros considerados potenciais disseminadores de ideologias extremistas entre os demais encarcerados.

“Nossas prisões fizeram mais pelo recrutamento de terroristas do que qualquer vídeo ou programa on-line”, disse um funcionário da polícia contraterrorista francesa que trabalha disfarçado e pediu para não ser identificado.

O relatório também concluiu que a idade média de um membro do EI que vive na Europa é de 30 anos, mais velho do que o esperado. Mais de 70% deles ou nasceram na Europa ou têm residência permanente na União Europeia, números que desmentem a crença, disseminada por direitistas europeus, de que os refugiados usam o continente como base para o terrorismo.

O estudo, feito com subsídio da multinacional Philip Morris, descobriu que a relação entre a passagem pelo sistema carcerário e a possibilidade de cooptação por uma facção terrorista varia muito de país a país.

“O [número de extremistas] originários da França é 50% composto por ex-criminosos; do Reino Unido, 32%. Já os da Espanha são só 6,4%, e da Itália, 7,4%”, concluiu o estudo. Esses números também refletem a presença muito menor de italianos e espanhóis nas fileiras do EI — estimados em centenas, enquanto os franceses e britânicos conhecidos por se juntarem ao grupo somam milhares.

O estudo analisou a trajetória de 197 pessoas descritas como “terroristas jihadistas” e 28 nacionalistas ou terroristas de esquerda, principalmente da Grécia. Mesmo nesses últimos casos existe ligação entre o tempo de prisão e a posterior atividade terrorista — no caso dos suspeitos gregos, nenhum estava ligado ao extremismo islâmico, mas 43% tinham passado algum tempo na prisão.

O estudo também descobriu que, diferentemente dos da al-Qaeda, os membros europeus do EI são significativamente menos letrados e têm registros de emprego mais inconsistentes: apenas 20% dos recrutas do EI que chegaram a estudar fizeram o ensino médio, e somente 3% terminaram os estudos, segundo o relatório. Em relação aos que passaram algum tempo na prisão antes de se juntarem ao EI, o número é ainda menor: apenas 8% frequentaram o ensino médio.

Por fim, 40% dos 197 suspeitos de terrorismo analisados estavam desempregados quando foram presos ou assassinados, mostrou o estudo.

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A tradução deste post (original em inglês) foi editada por Luísa Pessoa.

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