Experimentei os truques mais populares contra a ansiedade por 30 dias e foi isso que aconteceu

Eu queria ser menos ansiosa, dormir melhor e passar menos tempo me prendendo a coisas pequenas. Então, tentei de tudo.

Jenny Chang / Getty Images / BuzzFeed

Oi, meu nome é Michelle, e eu sou uma pessoa ansiosa.

Michelle No / Via Instagram: @michellenope

Eu sou assim desde criança. E, até hoje, com vinte e tantos anos, trabalho isso diariamente saindo da minha zona de conforto. Por um lado, sei que sou motivada e ambiciosa. No entanto, por outro lado, costumo me preocupar muito — sobre coisas pequenas e grandes — e isso atrapalha meus objetivos. Apesar de qualquer aparência de autoconfiança, o sentimento de ansiedade sempre está comigo.

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Então, neste ano, resolvi dar alguns passos para mudar isso.

Queria me sentir menos ansiosa, dormir melhor à noite e passar menos tempo presa às pequenas coisas durante o dia.

Para isso, decidi passar um mês inteiro experimentando todas as dicas de bem-estar que as pessoas juram ser fáceis e ~zen~. Coisas como diminuir o consumo de café e álcool, praticar ioga e meditação, escrever diários, desligar o celular e outras telas, entre outros.

No fim do mês, meu objetivo era encontrar novos hábitos e produtos para incluir na minha vida.

Antes de começar, li tudo que pude sobre autocuidado e ~bem-estar~.

Tudo, de depoimentos de como a ioga mudou a vida de alguém e uma ode a óleos essenciais, a um passo-a-passo sobre como ter uma noite de sono perfeita e um livro de bem-estar – "Joy on Demand: The Art of Discovering the Happiness Within" [À procura da alegria: a arte de descobrir a felicidade dentro de si, em tradução livre], de Chade-Meng Tan – que me convenceu com uma abordagem científica a importância da meditação e mindfulness (ou atenção plena).

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Então, reuni as dicas mais populares e fiz um cronograma mensal no qual testaria todos elas.

Jenny Chang / BuzzFeed

Eu experimentei todos os truques pelo menos cinco vezes. E se nenhum empacasse, continuaria conforme fosse necessário.

Eu sabia que era muita coisa, mas, para vários dos experimentos, como chá ou pílulas de melatonina, seria fácil perceber se eles funcionavam ou não. E, para os mais intensos, como meditação ou ficar sem beber café, eu poderia avaliar no longo prazo se valia a pena continuar com eles pelo resto do mês.

Em suma, foi isso que aprendi ao longo do caminho.*

E, obviamente, minhas constatações são baseadas em minhas circunstâncias pessoais, predisposições genéticas e preferências ilógicas e estranhas. Então, avalie bem antes de adotar alguma dica, porque o que funcionou (ou não) comigo pode não funcionar (ou pode!) para você.

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1. Eu sou muito impaciente, então achei que fosse odiar meditação. Mas estava errada.

Headspace, Michelle No / BuzzFeed

Decidi experimentar a meditação usando o aplicativo Headspace, que faz uma meditação guiada, em inglês, com uma voz reconfortante em sessões de respiração de 3, 5 ou 10 minutos.

Tirar alguns minutos para fechar os olhos e focar *apenas* na inspiração e na expiração (em vez de me concentrar nos meus sentimentos de ansiedade) foi mesmo revigorante, especialmente depois de algumas sessões. Eu também gostei que as sessões foram curtas, então eu poderia repetir a dose no mesmo dia, se quisesse. No geral? Adorei.

2. Podcasts não mudaram minha vida, mas obtive respostas para algumas dúvidas que eu nem sabia que tinha.

Converse / Via giphy.com

Eu comecei com o podcast em inglês Happier. O episódio que mais repercutiu em mim foi sobre os mitos da felicidade — incluindo o mito que professa que tentar ser mais feliz é egoísmo.

Conforme o podcast explica, estudos mostram que "as pessoas mais felizes são mais propensas a ajudar outras pessoas e estão menos preocupadas com seus problemas pessoais".

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3. Eu adorei, já de cara, escrever um diário de gratidão.

Michelle No / BuzzFeed

Eu comecei fazendo listas super genéricas de coisas pelas quais era grata: meus colegas de trabalho, meu trabalho, minha saúde, meus amigos etc. Mas o meu diário de gratidão foi mais efetivo quando passei a ser mais detalhista. Quando eu comecei a registrar todas as pequenas coisas que preenchiam a minha vida diária — até coisas pelas quais eu normalmente não acharia que fosse grata, como, por exemplo, o fato de eu morar em um apartamento sem ratos em Nova York (EUA) — também comecei a percebê-las ao longo do dia.

Para mim, o diário de gratidão acabou sendo um jeito fácil de focar nas coisas positivas em vez dos meus problemas.

4. Mas os óleos essenciais não me ajudaram em nada e só causaram dor de cabeça.

Michelle No / BuzzFeed

"fazendo uma loção com óleo essencial calmante lol"

OK, bem... A verdade é que eu odiei esses óleos.

Eu apliquei um pouco de óleo de lavanda — que alguns dizem que aumenta o relaxamento e reduz o sentimento de ansiedade — nos meus pulsos e o misturei também ao meu hidratante corporal. No entanto, tive que lavar os pulsos imediatamente porque não aguentei o cheiro.

Eu também experimentei óleo em um difusor. O aroma mais sutil era bom, mas não mudou meu humor.

Não sei, não curto muito perfumes, então a experiência toda foi mais estressante do que relaxante.

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5. Fazer ioga foi *bem* desconfortável no começo, mas acabou virando a melhor coisa que experimentei no mês inteiro.

Michelle No / buzzFeed

"SEM VOLTA"

Ainda que eu tenha só participado de aulas para iniciantes no estúdio de ioga perto da minha casa, no começo me senti a pessoa mais travada do mundo. Enquanto eu mudava entre cachorro olhando para baixo e cachorro olhando para cima, sentia que estava mais longe do zen do que qualquer outra coisa.

No entanto, depois as coisas melhoraram. Depois do terceiro dia, me sentia mais confortável com as posições e, honestamente, estava melhor do que pior na ioga (ir de uma aula em estúdio para uma sessão de ioga pelo YouTube que eu podia fazer em casa / no meu próprio ritmo também ajudou).

Eu gostei da ideia por trás da ioga, porque a prática essencialmente envolve ficar relaxada enquanto se fica efetivamente desconfortável (e, quando eu penso nisso, é um ato de equilíbrio da minha mente também).

Com cada sessão, foi ficando mais fácil. E, depois de várias, fui conquistada.

6. Parar de usar meu celular às 21h não surtiu o efeito relaxante que prometia.

Michelle No / BuzzFeed

Eu sei, eu sei. Todos os estudos e reportagens dizem que os smartphones impactam nosso sono se os utilizarmos perto da hora de dormir.

Então, quando passei a fazer um intervalo de duas horas entre o uso dele e a cama, achei que minha mente ia conseguir relaxar. No entanto, mesmo assim eu levava tempo para dormir.

Apesar da falta de resultados reais, eu gostei da ideia de me concentrar em algo que não seja tuítes raivosos e memes logo antes de ir para cama, então decidi continuar com esse hábito — mas diminuí para 30 minutos o intervalo.

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7. Meu app de ruído branco era para ser relaxante, mas acabou me estressando.

Rebecca Hendin / BuzzFeed / Via giphy.com

Há alguns meses, um colega de trabalho me falou sobre um app grátis chamado Rain Rain que reproduz sons relaxantes da natureza. É grátis e os sons são bem naturais. Uma noite, depois de um banho quente, deitei com os sons confortáveis de crepitação sendo reproduzidos no meu iPhone perto da minha cama.

E eu só queria que aquele barulho parasse.

Você pode deixar o app tocando ou configurar o temporizador. Eu sabia que, se eu deixasse ele tocando, o som inevitavelmente me acordaria alguma hora. Então, configurei o temporizador para funcionar por uma generosa hora. E, em todo santo minuto que passei tentando cair no sono, fiquei pensando: "O ruído branco vai acabar agora? Já se passaram 10 minutos? Ou 45? Se o som parar, significa que perdi uma hora tentando dormir etc. etc."

8. Parar com o álcool por uma semana me deixou bem antissocial, mas acho que é porque fiz isso de forma errada.

Michelle No / BuzzFeed, Michelle No / BuzzFeed

Eu não bebo muito, mas o álcool está presente no meu cotidiano, assim como ressacas. Por isso, fiquei imaginando o que poderia acontecer se, por apenas uma semana, eu cortasse completamente o álcool da minha vida.

Decidi que, para evitar tentações, cortaria as minhas saídas noturnas (em bares ou em apartamentos de amigos onde haveria álcool). Isso, obviamente, me fez desperdiçar um tempo precioso em que eu estaria socializando e curtindo a companhia dos meus melhores amigos.

Tenho certeza que, se eu ficasse confortável andando com meus amigos não tão sóbrios, me abster do álcool com mais frequência contribuiria para melhorar meus fins de semana — já que metade deles eu não passaria de ressaca,

Eu sei que todo mundo tem um relacionamento diferente com o álcool, mas, para mim, acho que ter mais abstinência na vida demorará um pouco.

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9. Quebra-cabeças me esgotaram (de uma forma boa!), me deixaram com sono e eram bem viciantes.

Michelle No / BuzzFeed

"Está sendo estressante/nem um pouco relaxante porque vivo em Nova York, então é claro que não tenho espaço suficiente"

Quando eu era criança, adorava quebra-cabeças. No entanto, confesso que a ideia de sentar para montar um já adulta me parecia bobo e um desperdício de tempo.

Corta pra mim, espalhando 1.000 peças de quebra-cabeça na minha mesa minúscula. Foi algo lento — dado o espaço apertado, má iluminação e cadeira dura — mas dentro de minutos eu estava 👏 SUPER EMPOLGADA 👏. Como uma pessoa que anseia por desafios e está constantemente tentando melhorar, adorei o estímulo que o quebra-cabeça me ofereceu e o fato que eu poderia combiná-lo com outra atividade relaxante (ouvindo um podcast).

Eu sei que algumas pessoas simplesmente desmontam o quebra-cabeça quando terminam, mas escolher um design bonito que eu possivelmente pudesse enquadrar me deu uma determinação extra para resolvê-lo.

10. Autocuidado de beleza (na forma de máscaras faciais!) acabou sendo a melhor coisa.

Michelle No / BuzzFeed

Eu adoro experimentar novos tons de batom e ir à manicure, mas a simplicidade (leia-se: ser financeiramente possível) das máscaras faciais e cuidados com a pele é muito gratificante. Então, eu sentei com várias máscaras faciais que minha mãe me deu, abri uma e coloquei no meu rosto.

E honestamente? Foi nota 1000.

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11. Me forçar a ir para cama (e dormir aquelas duas horas extras) deixou minhas manhãs mais tranquilas e deu um tom ~zen~ ao meu dia.

Michelle No / BuzzFeed

Eu sou uma pessoa matutina. Então, naturalmente, ir para a cama mais cedo e levantar mais cedo poderia fazer com que eu mudasse o meu "tempo livre" das noites para as manhãs. E isso virou o jogo.

Enquanto que de noite eu vinha para casa exausta e sem motivação para fazer nada de produtivo, de manhã eu acordava acesa e cedo (às vezes, às 5h; em outras manhãs, às 6h30), animada em escrever meu diário e fazer exercícios.

Corroborando algumas pesquisas, meus pensamentos à noite também ficaram menos negativos e minha cabeça de manhã mais calma.

12. Ler acabou sendo um bom jeito de me entreter.

Michelle No / BuzzFeed

"zero arrependimento por ter ficado em casa"

Meu livro escolhido foi "Still Life of Woodpecker" [Natureza morta de um pica-pau, em tradução livre], de Tom Robbins, que tinha todas as características de um estimulante relaxante: é curto, posso abri-lo em qualquer página e me divertir e é cheio de frases peculiares e prazerosas, como: "Há apenas dois mantras: nham e eca. O meu é nham.". 😂

Não há nada como o sentimento de ler um livro que resume perfeitamente uma emoção que você achava por muito tempo que estava tendo — e esse livro estava cheio deles.

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13. Parar de beber café por uma semana me fez perceber que eu, na verdade — (suspiro) —, fico melhor sem ele de manhã.

Michelle No / BuzzFeed, Michelle No / BuzzFeed

Não vou mentir: nos primeiros dias, passei por momentos difíceis — fiquei tentada a substituir o meu café matinal por um lanche extra ou cinco. E sem a minha dose habitual de cafeína às 10h, foi desafiador terminar de ler meus e-mails e adiantar minha lista de tarefas.

No entanto, conforme a semana foi passando, todos os efeitos adversos da abstinência de cafeína foram passando. Assim, cheguei à conclusão completamente inesperada de que os meus exercícios matinais eram o suficiente para me energizar de manhã. E, na verdade, percebi que, sem a minha "dose" de cafeína (também conhecida como nervosismo que eu interpretava de forma errada como energia), ficava mais concentrada de manhã.

Isso deixou os meus dias um pouco mais curtos — eu me sentia (devidamente) mais cansada mais cedo no dia. Para compensar, optei por uma xícara de chá ou uma dose única de café expresso lá pelas 15h. No entanto, no geral, senti mudanças menos dramáticas de energia e, consequentemente, menos mudanças de humor.

De tudo que eu tentei, acho que ter parado de tomar café de manhã foi o que fez a maior diferença.

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Então, depois de um mês de experiências, aqui está o que funcionou comigo:

Meditação com o Headspace: eu usei isso para "limpar" minha mente de manhã e deixá-la zerada. Eu também usei esse app durante o dia para me ajudar a ficar mais calma em momentos de estresse.

Escrever um diário de gratidão: lembrar a mim mesma diariamente do que sou grata me ajudou a lidar com o estresse.

• Ioga: combinado com meditação e exercícios = sucesso.

Cortar o uso de todas as telas (laptops, TVs e iPhone) depois das 21h: não achei que fosse uma cura, mas ajudou a reduzir o período de agitação na minha cabeça antes de ir para a cama.

Resolver um quebra-cabeça: amei! Uma atividade boa, sem a necessidade de maiores cuidados, mas ainda assim desafiadora o bastante para afastar minha cabeça de pensamentos negativos.

Ler um livro: apesar de exigir um pouco mais de esforço, ler foi e sempre será uma forma de fazer com que eu me sinta menos sozinha no mundo.

Autocuidados de beleza: preciso comentar 💅 ?

Ir para a cama duas horas antes do habitual: mais sono = menos pensamentos negativos repetitivos à noite + mais tempo de manhã para ler/meditar/fazer ioga.

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No final desse experimento, adoraria destilar todas as minhas descobertas em uma única fórmula perfeita para manter a calma e seguir em frente. Mas... não é bem assim que as coisas funcionam.

Tive sucesso com a meditação e escrever um diário, além de outras coisas, como ter mais momentos de autocuidado e desligar minhas telas 30 minutos antes de ir para a cama. Três meses depois de começar esse experimento, ainda faço tudo isso.

Em uma época em que tudo pede nossa atenção imediata, encontrar uma nova forma de organizar e priorizar meus pensamentos e energia foi tranquilizador. Hoje em dia, a ioga e a meditação continuam a ser o meu lembrete diário de que a vida continua quando as coisas não são destinadas a acontecer imediatamente.

É claro, em alguns dias, tudo isso parece UMA MERDA e eu sinto como se tivesse me prendido a uma rotina que tenho que seguir para manter minha sanidade. Mas, quando você pensa nisso, a saúde mental, assim como a saúde física, *é* parte essencial (se não a mais importante) da felicidade.

Eu tenho certeza que minha ansiedade nunca irá embora completamente. E, para ser honesta, não tenho certeza se quero isso, já que minha ansiedade está ligada a meus impulsos criativos. Mas estou convencida de que, se eu contrair meus músculos mentais o bastante, eventualmente irei a algum lugar onde estarei em pleno controle, onde eu possa processar cada momento de estresse como uma pequena picada de inseto que eu posso ignorar, como algo inexistente.

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Este post foi traduzido do inglês.

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