Seydou Keïta nasceu em 1921, em um Mali sob domínio francês, e registrou com sua câmera as transformações na sociedade até a proclamação da independência, em 1960. Seu estúdio em Bamaco, aberto em 1948, era procurado tanto pela elite local e pela pequeno-burguesia ascendente quanto por camponeses de passagem pela capital do país.
Seus retratos revelavam uma preocupação em se diferenciar do olhar do colonizador: os retratados não usam apenas ternos e chapéus europeus, símbolos de status e do estilo de vida ocidental, mas também trajes tradicionais repletos de estampas, que muitas vezes a direção de arte de Keïta fazia compor com os desenhos do fundo das fotografias.
Em entrevista, Keïta comentou que muitas pessoas resistiam à ideia de se deixarem ser fotografadas. “No interior do país, era só pegar minha câmera que todo mundo corria de mim ou me dava as costas. As pessoas acreditavam que era muito perigoso ser fotografado, porque suas almas poderiam ser roubadas. Mesmo na cidade, algumas pessoas mais velhas tinham a mesma convicção.”
Com a independência, em 1960, Keïta se tornou o fotógrafo oficial do governo e fechou seu estúdio. Ele morreu em 1991. Uma coleção de 130 fotos do malinês estará exposta no IMS (Instituto Moreira Salles) Rio a partir de 5 de setembro, depois de passar pelo IMS Paulista de abril a julho. A curadoria é de Jacques Leenhardt, da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, e Samuel Titan Jr., coordenador executivo do IMS.
Veja neste post algumas das fotografias da mostra Seydou Keïta.
