Jean Wyllys afirma que vai abandonar a Comissão de Direitos Humanos da Câmara

Decisão é um protesto contra o poder da bancada conservadora na comissão, disse o deputado ao BuzzFeed News. Colaborou: Olívia Florência.

Reprodução/ Facebook: jean.wyllys

O deputado Jean Wyllys disse que vai abandonar a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados como forma de protestar contra a dominação do bloco conservador, ainda que o deputado petista Paulo Pimenta, que apoia a lei da criminalização da homofobia, tenha sido eleito para a presidência da Comissão de Direitos Humanos na semana passada.

"Eu vou abandonar a comissão. Os fundamentalistas cristãos têm a maioria dos assentos na Comissão dos Direitos Humanos, então eles têm força para aprovar qualquer proposta que seja do interesse deles e para rejeitar qualquer proposição legislativa que seja do interesse das minorias", disse Jean em uma entrevista ao BuzzFeed News nesta semana. "Minha presença lá só vai servir de escada para um discurso homofóbico e fundamentalista".

A decisão de Jean é um duro golpe para o novo presidente, que tem tentado um acordo entre as alas progressistas e conservadoras da comissão sobre o controle da vice-presidência. Jean disse que pretende pedir para outros progressistas, como os deputados Erika Kokay e Luiz Couto para deixarem a comissão também, para que assim possam contestar a legitimidade da comissão e qualquer uma das propostas que surgirem do bloco conservador.

Jean disse que discutiu sua decisão com Erika Kokay na terça-feira e ela tentou convencê-lo a voltar atrás "em solidariedade ao Pimenta". Nem Luiz Couto, nem Erika Kokay responderam a tempo sobre a fala de Jean Wyllys até a publicação deste post. Uma assessora de Erika Kokay não quis comentar se ela vai também deixar a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, mas disse que a deputada compreende que a Comissão não é "o único espaço para trabalhar com estes temas" e que alguns deputados estariam se mobilizando para formar uma Frente Parlamentar de Direitos Humanos.

A reportagem ainda entrou em contato com a assessoria de Jean Wyllys nesta sexta-feira, que nos informou que ele ainda não formalizou a sua saída.

Já a assessoria de Paulo Pimenta disse ao BuzzFeed hoje que o deputado não pretende comentar a decisão de Jean Wyllys. Mas em uma entrevista ao BuzzFeed News na quinta-feira, Pimenta estava pessimista com a possibilidade de avanço das leis pelos direitos humanos nesta comissão, dizendo que ele aceitou o cargo principalmente para combater o impacto dos conservadores. "Seria crucial ter alguém do PT, é uma estratégia de ocupação desses espaços que eles [evangélicos] julgam estratégicos para a multiplicação das opiniões e dos valores que eles defendem dentro da casa."

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