O Waze, aplicativo de mapas e tráfego, vai oferecer um serviço de carona no Brasil este ano — o que deve acrescentar uma nova camada de concorrência no mercado de transporte de passageiros nas cidades brasileiras.
Vai funcionar assim: um usuário do Waze que se desloque a um determinado destino poderá receber como passageiro um outro usuário indo em itinerário semelhante. O aplicativo será lançado simultaneamente para dispositivos Android e iOS, mas ainda não tem data para entrar no ar.
Nos Estados Unidos, a taxa de cada corrida é variável e custa até US$ 0,54 por milha (algo como R$ 1,04 por km). A companhia afirma que não retém parte do dinheiro, diferentemente de serviços como a Uber que cobra comissões que chegam a 25% do valor total da corrida.
No Brasil, toda a interação será feita pelo aplicativo, incluindo o pagamento, que é calculado a partir da quilometragem percorrida — por motivos de segurança, a empresa não permitirá pagamentos em dinheiro.
Mulheres andam com mulheres, se quiserem
Segundo a diretora global de expansão do Waze, Di-Ann Eisnor, pesquisas de mercado feitas com usuários do Waze em São Paulo mostraram que a principal preocupação das pessoas é mesmo com segurança.
Além de recusar pagamentos em dinheiro, o aplicativo também incluiu uma opção para as usuárias. De acordo com a executiva, as pesquisas mostraram que caroneiras mulheres preferem motoristas do mesmo gênero. A escolha será possível dentro do aplicativo. “Vai começar no Brasil, mas pretendemos expandir essa funcionalidade", disse Di-Ann.
Outro resultado da pesquisa de mercado teve uma implicação menos direta no software — a conclusão de que as pessoas preferem ter companhia para ir ao trabalho, em vez de irem sozinhas.
De graça, por enquanto
Segundo Di-Ann, é provável que o aplicativo cobre um percentual sobre as corridas no futuro. A executiva explicou, em entrevista coletiva na sede do Google em São Paulo, que a empresa ainda estuda como isso acontecerá.
O Waze Carpool funciona desde o ano passado, servindo a região metropolitana de São Francisco (EUA), onde estão concentradas as gigantes da tecnologia, e desde 2015 em Israel, onde o Waze foi fundado (antes de ser comprado pelo Google).
A escolha do Brasil como o segundo lugar não foi aleatória: a cidade de São Paulo (com seus 8,4 milhões de automóveis) concentra o maior número de usuários do Waze no mundo — são 3,5 milhões, de acordo com a companhia.
Esse é um motivo importante por que, segundo Di-Ann, uma das vantagens competitivas do Waze Carpool em relação a seus concorrentes é o baixo custo para convencer as pessoas a dirigirem — uma vez que boa parte dos motoristas em São Paulo já utiliza o aplicativo.
E o Uber com isso?
A principal diferença em relação a serviços como Uber e 99 é que cada usuário pode usar o aplicativo apenas duas vezes por dia — tanto os que oferecem, como os que buscam caronas.
A ideia é que as pessoas utilizem o Waze Carpool para se deslocar da casa ao trabalho e vice-versa. Por isso, o aplicativo usa os endereços da casa e do trabalho para encontrar as melhores combinações entre motoristas e caroneiros.