Doação citada como suposta propina ao PT foi para PMDB e campanha de Temer, diz defesa de Dilma

    Na ação que corre no TSE, delator Otávio Azevedo disse que R$ 1 milhão vinha de propina em Belo Monte para o PT. Defesa de Dilma diz que dinheiro foi para Temer. Presidente diz que doação foi legal e não tem relação com hidrelétrica. A reprodução do cheque foi publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

    A empreiteira Andrade Gutierrez, uma das principais beneficiárias do esquema de corrupção na Petrobras e na Eletrobras, destinou R$ 1 milhão para Michel Temer quando ele era o candidato a vice de Dilma Rousseff na eleição de 2014.

    A doação foi feita ao diretório nacional do PMDB, que repassou o valor para a conta da campanha de Temer. A imagem do cheque foi publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

    Em depoimento,

    Em depoimento, o ex-presidente do conglomerado e delator da Lava Jato, Otávio Marques de Azevedo, ligou a doação de R$ 1 milhão para a campanha de Dilma Rousseff em março de 2014 ao pagamento de propina na usina hidrelétrica de Belo Monte.

    A cópia do cheque, que integra os autos do processo de cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral, mostra que os recursos foram destinados ao diretório nacional do PMDB, que repassou os valores na conta da campanha de Temer, no mês de julho.

    O PMDB emitiu um recibo desta doação à Andrade Gutierrez no dia 14 de julho de 2014. E depois repassou o dinheiro para a conta da campanha de Temer, à época candidato a vice na chapa de reeleição de Dilma Rousseff.

    No seu depoimento no processo de cassação da chapa que corre no TSE, Otávio Marques de Azevedo não ligou o pagamento de R$ 1 milhão ao PMDB, mas a uma pressão do PT pelo pagamento de propina.

    Aqui o trecho:

    No depoimento ao TSE, Otávio Marques de Azevedo contou novamente a história de que a Andrade Gutierrez doou, em 2014, R$ 35,6 milhões para a campanha da Dilma. Deste valor, segundo ele, R$ 20 milhões foram descontados da propina devida ao PT pela usina de Belo Monte.

    Na narrativa do ex-presidente da Andrade, a empreiteira teve de pagar 1% do valor recebido pela obra de Belo Monte em propinas. A empreiteira passou a integrar o consórcio da obra depois que ficou provado que as empresas que venceram a licitação não tinham capacidade de executar a obra.

    No depoimento ao TSE, Otávio Azevedo contou que o suborno de Belo Monte era rachado, meio a meio, entre PT e PMDB.

    Neste outro trecho, Azevedo contou que parte dos recursos doados ao PMDB em 2014 também veio de Belo Monte.

    O executivo não citou Michel Temer no depoimento e contou que vinha sofrendo achaques sistemáticos de Giles Azevedo, um dos assessores mais próximos de Dilma, e do ex-ministro Edinho Silva (foto), que coordenou a arrecadação da campanha presidencial de 2014.

    Segundo Azevedo, Edinho pediu R$ 100 milhões para a campanha –o que a empreiteira teria recusado por ser um valor exorbitante.

    Foi a defesa da ex-presidente Dilma Rousseff no TSE que contestou a versão de Otávio Azevedo de que R$ 1 milhão citados pelo empreiteiro foram para a campanha da petista. A peça da defesa da petista afirma que o dinheiro teve como destino o diretório nacional do PMDB, não o PT.

    O ministro Herman Benjamin, relator do processo de cassação da chapa Dilma-Temer, marcou para o final do mês uma acareação entre Otávio Marques de Azevedo e Edinho Silva.

    Procurado pelo BuzzFeed Brasil, o Palácio do Planalto negou categoricamente que a doação da Andrade Gutierrez à campanha de Temer, por meio do diretório nacional do PMDB, tenha qualquer relação com a obra de Belo Monte.

    A assessoria de Temer diz que o R$ 1 milhão citado pelo executivo não teve nenhuma intermediação de Edinho ou Giles.

    Segundo a assessoria, Temer recebeu Otávio Marques de Azevedo no Palácio do Jaburu (residência oficial da Vice-Presidência) em junho de 2014 e pediu doações à empresa. Na época, a legislação permitia a doação empresarial para a campanha.

    A Andrade Gutierrez doou então R$ 3 milhões ao diretório nacional do PMDB, no dia 3 de julho de 2014. No dia 14, quando a conta da campanha de Temer já estava aberta, o partido repassou R$ 1 milhão da doação original da empreiteira. Os outros R$ 2 milhões foram destinados a outros candidatos do partido.

    Já o PMDB nacional afirma que sempre recebeu doações eleitorais legais, de acordo com a legislação, e que todas as contas da campanha de 2014 foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.

    O BuzzFeed Brasil não conseguiu ouvir a defesa do executivo Otávio Marques de Azevedo.

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