11 pôsteres feministas cheios de mensagens inspiradoras e de empoderamento

"Queríamos criar pôsteres que conscientizassem, que fossem bem-humorados e que chamassem a atenção: se não fossem acessíveis, eles não estariam cumprindo seus objetivos."


Em 1974, um grupo de estudantes de artes de Londres (Reino Unido) se reuniu após responder a um chamado publicado na revista de feminismo radical "Red Rag" para combater a imagem sexista e negativa das mulheres na mídia. Aquilo que deu origem ao See Red Women's Workshop rapidamente desenvolveu sua própria marca de ilustrações e pôsteres de impressão serigráfica. As obras corajosamente confrontavam temas de identidade, sexualidade e libertação das mulheres.

See Red Women’s Workshop

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O "See Red Women's Workshop: Feminist Posters 1974-1990", livro publicado pela Four Corners Books, reúne todo o vasto catálogo de imagens produzidas por essas mulheres durante 16 anos. O BuzzFeed News conversou com as integrantes originais do See Red Women's Workshop para discutir o lançamento do livro, assim como seu impacto na atual geração de feministas.

O que era exatamente o See Red Women's Workshop?

See Red Women's Workshop: O See Red Women's Workshop foi um coletivo de mulheres criado em 1974 por jovens artistas para produzir pôsteres para o movimento de libertação feminista, assim como grupos comunitários e outros solicitantes. Queríamos levar adiante a causa do feminismo, algo que pessoalmente nos afetava e pela qual éramos apaixonadas.

See Red Women’s Workshop

"Homens e a mídia são nossos inimigos"; "Apoie as irmãs Safo".

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Queríamos criar pôsteres conscientizadores, bem-humorados e que chamassem a atenção: se eles não fossem acessíveis a todos, então não cumpriam seus objetivos. Os pôsteres eram produzidos, em sua maioria, em uma pequena oficina na região sul de Londres e distribuídos por todo o país pelos correios, por meio de redes de ativistas e em livrarias do mundo todo.

O SRWW se empenhou em subverter e desafiar as imagens estereotipadas das mulheres e questionou o papel delas na sociedade. Produzíamos pôsteres, calendários, panfletos e cartas... e recentemente achamos que seria uma boa ideia reunir todo esse material em um livro. Nós queríamos compartilhar com outras pessoas nossas experiências como mulheres.

See Red Women’s Workshop

“Solidariedade com as lutas das mulheres em todo o mundo - MARCHA DAS MULHERES”, 1975.

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Vocês poderiam explicar a premissa do livro "See Red Women's Workshop: Feminist Posters 1974-1990"?

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"Mulheres aguentam mais que a metade do céu", 1981.

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SRWW: A publicação do livro foi reflexo do ressurgimento do interesse nos pôsteres do See Red Women’s Workshop. Foi isso que nos encorajou. O livro contém todos os pôsteres, panfletos e materiais que produzimos durante 26 anos. E tem também uma pequena descrição sobre a evolução do coletivo por meio de fotografias.

A concepção do livro foi um longo processo — ele levou dois anos para ser produzido e, antes, tivemos que resgatar e catalogar todas nossas obras. Alguns pôsteres estavam acumulando poeira debaixo de nossas camas! Cerca de 40 mulheres trabalharam no coletivo entre 1974 e 1990, e quatro delas se juntaram para escrever o livro. Então precisávamos garantir a representação fiel de todo o trabalho que fizemos e e de todas as mulheres que trabalharam conosco.

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"O TRABALHO DE UMA MULHER NUNCA TERMINA", 1974.

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De quais maneiras esses pôsteres são relevantes nos dias atuais?

SRWW: Os pôsteres ainda parecem ter a capacidade de falar com diferentes gerações, embora isso também indique que a batalha pela liberdade e pela igualdade está longe de ser vencida. Fomos convidadas a exibir nossos trabalhos em diversas instituições de prestígio — no V&A, no Tate e na Women's Library. No entanto, é ainda mais inspirador para nós ver que muitos jovens hoje em dia estão se organizando para lutar por causas importantes: mulheres, negros, artistas, refugiados, LGBTs...

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"7 Exigências", 1974.

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"Queríamos criar pôsteres que conscientizassem, que fossem bem-humorados e que chamassem a atenção: se não fossem acessíveis, eles não estariam cumprindo seus objetivos."

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"NÃO DEIXEM O RACISMO NOS DIVIDIR", 1978.

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Como o feminismo daquelas décadas difere do feminismo que vemos hoje?

SRWW: Muitas coisas mudaram por causa da "segunda onda" do feminismo entre as décadas de 1960 e 1980. Por exemplo, muitas ideias feministas sobre igualdade foram absorvidas pelos sistemas educacionais e pelos direitos trabalhistas. Diminuiu a perspectiva de que as garotas devem se casar e se limitar ao ambiente doméstico, abrindo mão de um emprego ou uma carreira — essas ideias ainda predominavam na década de 70

See Red Women’s Workshop

"Protesto", 1973.

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Além disso, as atitudes dos jovens do sexo masculino mudaram, até certo ponto.

Infelizmente, alguns dos direitos conquistados sobre reprodução e sexualidade hoje estão ameaçados — especialmente com a nova administração norte-americana. Por outro lado, muitas das conquistas beneficiaram bem mais as mulheres brancas de classe média do Ocidente do que as mulheres como um todo.

É difícil resumir o cenário atual. As ativistas de hoje possuem a "interseccionalidade" como prioridade na pauta.

Mas acreditamos que o See Red já estava abordando isso por meio do trabalho coletivo e dos pôsteres, ainda que sem chamá-lo dessa forma. Reconhecíamos a importância de categorias como classe, raça etc. -- não apenas defendendo um feminismo branco homogêneo.

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"O CAPITALISMO TAMBÉM DEPENDE DO TRABALHO DOMÉSTICO", 1975.

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"Os pôsteres ainda parecem ter a capacidade de falar com diferentes gerações, embora isso também indique que a batalha pela liberdade e igualdade está longe de ser vencida."

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À esquerda: "Lute Contra os Cortes", 1975.

À direita: "Juntem-se Contra a Frente Nacional, Não Deixe o Racismo nos Dividir", 1978.

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Durante todo o processo de elaboração do livro, houve algo que surpreendeu vocês?

SRWW: Talvez apenas a reflexão sobre como a prática coletiva continua sendo muito relevante e como essas imagens ainda são poderosas. Além disso, nos surpreendeu o interesse das novas gerações de ativistas e feministas que trabalham em algumas instituições (museus, escolas de artes, etc.) no SRWW!

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"Mulheres Negras Não Serão Intimidadas", 1980.

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O que vocês esperam que os leitores tirem do livro?

SRWW: Esperamos que os leitores gostem dos pôsteres e se inspirem a se engajar e a protestar pelo que acreditam. Esperamos que eles trabalhem em conjunto com outras pessoas para fazerem seus pontos de vista serem ouvidos, utilizando as novas tecnologias para criar novos materiais e distribuí-los.

Mulheres, negros, a comunidade LGBT já estão fazendo suas vozes serem ouvidas, e ficamos muito tocadas ao saber de ativistas mais jovens que nossos pôsteres eram inspiradores. E também ficamos encantadas com o papel que os cartazes amadores, feitos em casas, tiveram em protestos recentes.

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"SOZINHAS NÃO TEMOS PODER... JUNTAS SOMOS MAIS FORTES", 1976.

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Para saber mais sobre o livro "See Red Women's Workshop: Feminist Posters 1974-1990", visite Four Corners Books.

Este post foi traduzido do inglês.

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