Paid Post

Vikings: uma investigação

Quem são? O que comem? Onde vivem?

"Enquanto eu me levantava do meu tradicional banho de cerveja Viking, arrumava meu capacete com chifres e pegava mais um pedaço gigantesco de carne, eu percebi uma coisa..." Você que clicou na matéria pode até estar esperando esse tipo de atividade. Mas não, essas não eram atividades típicas. Vikings não usavam chifres, não tomavam banho de cerveja e não comiam um boi inteiro todos os dias. Então afinal, quem foram os Vikings? O que comiam? Como lutavam? No BuzzFeed Repórter de hoje, as respostas para essas e outras perguntas que você talvez nunca teve.

Vikings foram exploradores, guerreiros, agricultores, comerciantes e piratas que comandaram os países escandinavos do século VIII ao XI d.c. Na época, a sociedade Viking era muito bem organizada, eles tinham os hábitos mais higiênicos de toda a Europa e ainda possuíam as melhores embarcações do mundo. A história Viking é tão fascinante quanto cheia de buracos e mitos. Afinal de contas, mesmo com tantos avanços, eles não guardavam nenhum tipo de relato escrito de suas atividades e como funcionavam. Dependemos de histórias orais ou escritas por monges, ingleses e outros povos que foram atacados por eles na época. Ou seja, tudo o que sabemos sobre eles, foi contado por quem eles tinham acabado de tretar. Imagine uma sociedade futura estudando os dias de hoje e usando como base apenas os textões do Facebook. Tipo isso.

Mas nem tudo que você sabe está errado. Vikings, não se chamavam de Vikings. Essa é uma palavra derivada de um dialeto nórdico bem antigo e, entre outras coisas, significa “pirata”. Nos primórdios, por terem as melhores embarcações e explorarem bem todo o norte da Europa (chegando até o Canadá e Itália), Vikings desciam de seus barcos com o famoso sangue nos olhos, invadiam cidades costeiras, roubavam geral e voltavam para suas terras. Os primeiros Perdeu Playboy! da história da humanidade. Como Vikings não tinham muito respeito por nenhum tipo de instituição, Igrejas eram alvos fáceis e muito lucrativos: pouca resistência e muito ouro. E foi desse tipo de atitude que surgiram os boatos sobre selvageria, capacetes que lembram o diabo e bebês batizados na cerveja.

Também não é difícil entender porque essas histórias espalharam muito mais do que a realidade. Elas são muito legais! Até mesmo os fatos que aconteceram de verdade nos deixam fantasiando a vida nessa época. Reis, guerras, deuses e nomes como BJORN brincam muito com nossa imaginação. Imagine você em uma praia sendo atacado por dezenas de brutamontes sedentos? Ou melhor, imagine ser um guerreiro Viking descendo do barco e atacando um vilarejo? Mesmo que você não seja fã nem mesmo de MMA esse tipo de coisa já deve ter passado na sua cabeça. E por isso eu quis descobrir como era ser um Viking de verdade.

Para essa missão, eu contei com a ajuda do Clã Hednir. O primeiro clã de reencenação da cultura Viking do Brasil. Para você que não sabe, reencenação histórica é uma parada séria. Os caras do Hednir existem há 8 anos e durante esse tempo, mais ou menos uns 80 membros já passaram pelo grupo. Como eles mesmo se definem, eles são amigos e amantes da cultura que se encontram para conversar sobre as histórias, reviver essa época e fugir da monotonia da vida moderna. Em seu QG, a academia Digable, eles treinam luta Viking uma vez por semana. Pode ser uma alternativa para você que já tentou de zumba a yoga e não consegue se divertir fazendo exercício em uma academia. Quem sabe sua próxima musa fitness não seja uma guerreira Viking.

Com esse gancho, vamos à nossa primeira atividade: a luta.

Outra história interessante sobre a sociedade Viking é o papel das mulheres. Existem relatos de corpos femininos com armaduras recebendo o funeral completo Viking (onde eles colocavam o corpo em um barco, ateavam fogo e mandavam pelo mar). Um funeral concedido somente para figuras importantes. Não se sabe ao certo se elas eram comandantes de exército ou não. Mas eles tinham até uma palavra para denominar uma mulher que escolhia guerrear: skjaldmö.

Por isso, para testar a tradicional luta Viking reencenada pelos membros do Clã Hednir, eu convidei outra guerreira aqui no BuzzFeed, a Paula Mascarenhas. Ou melhor, PaulAslaug.

A luta é simples porém, para um leigo, é difícil de lembrar dos movimentos. Ou eu sou meio retardado.

Com a sua mão direita, você segura uma espada (no caso estávamos usando uma espada de treino feita de polipropileno que devia pesar um kilo) e com a esquerda levanta seu escudo para se proteger (mais três kilos mais ou menos). Vou confessar algumas coisas: eu não devo entrar em uma academia há pelo menos 5 anos, a última vez que eu corri foi porque eu ia perder o ônibus e futebol eu não jogo nem no videogame. Em outras palavras, meu preparo físico é zero. Ou melhor, -1.

Foi difícil conseguir lutar como os caras. Ainda mais depois que decidi testar uma luta com parte da armadura. Além das roupas Vikings não serem as mais adequadas para o verão brasileiro, são mais uns 15 kilos entre cota de malha, túnicas, elmos e armaduras de couro. O que ao mesmo tempo que protege, complica a coisa. O jogo de pernas também é treta. Andar de costas enquanto alguém tenta te acertar com uma espada não é fácil não. Mas com muito treino e seguindo as técnicas acho possível.

A luta Viking praticada como hobby é quase um CrossFit medieval. Saem os pneus de trator, os gritos de “TÁ SAINDO DA JAULA O MONSTRO” e entram escudos, elmos e o medo de tomar uma espadada na cabeça. Se você curte fazer exercício, tentaria com certeza.

Depois de uma luta exaustiva, retirei minha armadura para dar mais espaço para a barriga e me preparei para o almoço. Paulo, um dos integrantes do clã, possui uma estrutura de ferro conhecida como Campfire. A estrutura possui três pés adaptáveis de cada lado e uma barra de ferro em cima para segurar tudo. Para preparar a fogueira, Paulo teve que cavar uma vala para colocar o carvão e a lenha e depois prendeu diferentes utensílios na barra de ferro em cima da fogueira. Segundo Paulo, os gaúchos se inspiraram nesse tipo de estrutura para criarem suas churrasqueiras. Quem diria, né.

Depois de um trabalhão, estava na hora de preparar a comida (utilizando facas seax, tipicamente Viking). O menu? Pão achatado Viking e Æbleflæsk.

Apesar do nome complicado, a receita é tipicamente Dinamarquesa e bem simples.

  • 400g de bacon
  • Alho à gosto
  • 2 cebolas cortadas de forma grosseira
  • 2 a três maçãs fatiadas sem caroço
  • 1 colher de manteiga (sim, Vikings tinham manteiga)
  • Pimenta do reino

Preparo

  • Adicione o bacon cortado em fatias à sua “panela” Viking
  • Deixe ele dourar e ficar bem crocante
  • Retire o bacon com sua faca Viking
  • Adicione a maçã, cebola e alho e a manteiga
  • Deixe os ingredientes ali até pegarem um pouco de cor e tempere com a pimenta
  • Coloque o bacon de volta nessa festa

Pronto! Seu bacon com maças à moda Viking está servido.


O pão Viking é interessante também. Com quatro ingredientes você pode testar essa receita na sua casa e depois voltar aqui nos comentários pra dizer o que achou. Eu vou deixar minha opinião para a conclusão.

O pão Viking é um pouco massudo demais. E Æbleflæsk é uma delícia, comeria mais uma vez com certeza, mas não sei se conseguiria pronunciar esse nome de novo. A estrutura de ferro dá um trabalhão pra montar, mas é bem prática depois de pronta. Parabéns de novo para os Vikings.

Traduzindo: xadrez Viking. O tabuleiro de madeira é um campo de batalha simulando uma invasão. Os quatro cantos possuem saídas, por onde o rei que está no meio deve escapar para fugir dos guerreiros nórdicos. Quem usa os Vikings deve cercar o rei e exterminá-lo para vencer o jogo. Todas as peças só se movem na vertical/horizontal sem limite de quanto podem andar. Perfeito para uma tarde sem guerra ou um dia chuvoso na praia. Uma partida segue mais ou menos assim:

As peças só são “comidas” quando cercadas por duas peças inimigas e o rei precisa estar cercado de todos os lados. Nesse jogo aí em cima, o rei conseguiu fugir abandonando seu trono para os Vikings. Uma boa metáfora para mostrar como os guerreiros nórdicos se viam no campo de batalha: quando entravam em cena, ou o inimigo morria ou tinha que fugir.

O jogo é bem divertido também. Fácil de recriar em casa. As peças que usamos são bem trabalhadas, mas não precisa de muito não. Você pode usar pedrinhas de cores diferentes e brincar também. As regras estão aqui. Uma boa alternativa para tirar alguém do vício dos joguinhos de celular. Mesmo que essa pessoa seja você mesmo.

Um dia de atividades é absurdamente pouco para dizer que eu vivi como um Viking. Além do mais, eu nem cheguei a contar para vocês sobre como eles navegavam seguindo corvos (!!). Ou sobre a árvore que está no centro do universo e liga os nove mundos da mitologia nórdica (!!!!). Ou até sobre a origem do típico prato islandês que nada mais que é tubarão podre (!!!!!!!!).

Ou seja, essa matéria é apenas uma pequena fração sobre essa cultura gigantesca, poderosa e cheia de detalhes incríveis. E se você se identificou com essa galera e quer mais sobre os guerreiros nórdicos, não perca estreia a segunda parte da quarta temporada de Vikings hoje, 30 de novembro, somente no FOX+ Premium. Episódios inéditos todas as quartas, à 1h. Reprise, quintas às 22h.

Veja este vídeo no YouTube

youtube.com

Fotos por Daniel Avila e Adriana Vichi.