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Propina a ministro do TCU foi paga no Rei das Coxinhas, diz delator

Delator conta que o agora ministro Vital do Rêgo tinha pressa em receber o dinheiro e por isso usaram a lanchonete no interior da Paraíba. Assessor reclamou que o dinheiro era pouco. O ministro nega.

O empresário João Carlos Lyra, que fez delação após ser alvo de uma operação ligada à Lava Jato no Nordeste, disse em depoimento que deu R$ 2 milhões de propina para o então senador Vital do Rêgo, atual ministro do Tribunal de Contas da União.

Segundo ele, os pagamentos ocorreram durante a eleição de 2014, quando Vital foi candidato derrotado ao governo da Paraíba. O delator afirma que Alex Azevedo, que foi secretário quando do irmão de Vital quando era prefeito de Campina Grande (PB), foi o responsável por recolher o dinheiro.

João Lyra ganhou notoriedade em agosto daquele mesmo ano, quando o candidato à presidência Eduardo Campos morreu em um acidente aéreo. O jatinho era de Lyra.

Agora delator, Lyra conta que serviu de caixa paralelo da OAS para viabilizar o caixa dois a Vital do Rêgo. Ele afirma que emitia notas fiscais com valores superfaturados para a empreiteira e, assim, fazia os saques em dinheiro.

A empreiteira já disse em outras oportunidades na Justiça que de fato deu dinheiro a Vital em troca de benefícios na CPI da Petrobras, mas citou uma pessoa jurídica diferente da apontada por Lyra em sua delação, como sendo a responsável por emitir notas fiscais superfaturadas.

O depoimento de Lyra foi prestado no início deste ano, na sede da procuradoria em Recife.

"O colaborador percebeu claramente que Roberto Cunha [OAS} estava muito angustiado, tendo dito que precisava conseguir R$ 2 milhões a serem repassados ao então senador Vital do Rêgo, que na época era relator da CPI da Petrobras. Que o pagamento destinava-se a obter favorecimentos ou facilidades para a OAS na CPI", disse João Lyra.

Em dez dias, segundo o delator, o acerto foi todo liquidado. A primeira entrega foi no restaurante Rei das Coxinhas, na BR-101. Não foi por acaso. A OAS tinha pressa.

Foi então que surgiu o Rei das Coxinhas. Era o meio do caminho entre Goiana, em Pernambuco, e João Pessoa. Quem levou o dinheiro foi uma parceira de João Lyra, de nome Carolina Vasconcellos – que também fez delação.

"Ter sido solicitado por João que se dirigisse a João Pessoa com urgência para entregar uma encomenda a uma pessoa de nome Alex Azevedo. Com a insistência de João Lyra, a colaboradora concordou em fazer a entrega da tal encomenda, desde que não precisasse se deslocar até João Pessoa, mas até o meio do caminho. Assim encontrou com a pessoa de Alex Azevedo em Goiana (PE) na lanchonete Rei das das Coxinhas, local em que entregou a encomenda em mãos da pessoa identificada como Alex Azevedo", disse a delatora.

Segundo a delatora, a conversa não foi amigável: o ex-secretário de Vital reclamou que o dinheiro era pouco. "Alex Azevedo disse que não era apenas aquilo que havia combinado com João e que ela providenciasse a entrega de outra encomenda em data próxima".

Os delatores não detalharam quanto foi pago em cada uma das entregas. João Lyra disse que no total foram quatro encontros. Além do Rei das Coxinhas, os valores foram entregues na beira da estrada em Bezerros (PE), num aeroclube e num restaurante dentro de um shopping em Recife.

Em nota, Vital do Rêgo disse que "desconhece os fatos narrados pelo delator e repudia as falsas acusações". "Ele está à disposição das autoridades para prestar mais esclarecimentos", diz o ministro.

Alex Azevedo não foi localizado.

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Aqui estão os arquivos do HD da delação da Odebrecht de um jeito fácil de buscar




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