Em depoimento prestado à Procuradoria-Geral da Republica, o mega empresário Joesley Batista, da JBS, confirmou as graves suspeitas que pesam contra o presidente Michel Temer e disse que pagava R$ 400 mil ao doleiro Lúcio Funaro, preso pela Lava Jato, para garantir seu silêncio.
Funaro é peça chave da Lava Jato _ daí o potencial explosivo do depoimento de Joesley. Ele é acusado de ser um operador do ex-deputado Eduardo Cunha. É Funaro que protagoniza um dos mais rumorosos episódios da Lava Jato: a entrega de um "pacote" no escritório de José Yunes, amigo pessoal de Temer.
Boa parte dos negócios intermediados por Funaro tinham a ver com Joesley. Não por acaso, eles tinham um contrato genérico para viabilizar o pagamento incríveis R$ 100 milhões para Funaro.
Joesley conta então aos procuradores: zerou um "saldo de propina" com Eduardo Cunha, pagando R$ 5 milhões, e dava R$ 400 mil por mês a Funaro. Detalhe: quando os dois estavam presos. Isso não é pouca coisa: uma irmã de Funaro e uma pessoa próxima a Cunha foram presos pela Polícia Federal em razão dessas suspeitas.
Veja o vídeo:
Deste relato aos procuradores, vários pontos são possíveis de se confirmar no áudio da conversa gravada por Joesley com Temer _ mesmo com a qualidade do som ser sofrível em alguns pontos.
De fato, Temer fala que o Cunha o "fustigava", assim como Joesley fala que estava bem com o ex-deputado e usa a expressão "todo mês".
Há um ponto relevante no relato de Joesley sobre Temer e que não está claro no áudio inicialmente divulgado ontem: o presidente pede para manter Funaro e Cunha "calmos" – isto é, os pagamentos eram para que permanecessem em silêncio. Veja o vídeo:
"Que sempre recebeu sinais claros que era importante manter financeiramente ambos e as famílias, inicialmente por GEDDEL VIEIRA LIMA e depois por MICHEL TEMER para que eles ficassem "calmos" e não falassem em colaboração premiada", disse Joesley.
O empresário diz, explicitamente, ao deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) que está ajudando a família dos dois presos. Loures é o homem "da inteira confiança" de Temer que o presidente destacou como interlocutor do dono da JBS.
E sabe como Rodrigo Rocha Loures entra na história? É o próprio Temer que sugere Joesley conversar com o deputado. Dessa conversa, além de citar Funaro, há outro desdobramento gravíssimo: a entrega de dinheiro vivo ao deputado. Foram R$ 500 mil, devidamente filmados pela Polícia Federal.