O doleiro Lúcio Funaro, preso pela Lava Jato, admitiu em depoimento à Polícia Federal (PF) que era operador do caixa dois do PMDB, acusou o presidente Michel Temer de dar o aval para arrecadar propina de empresas que recebiam dinheiro da Caixa Econômica e ainda disse que entregou dinheiro vivo ao ministro Moreira Franco, da Secretaria Geral da Presidência. O ministro nega.
O depoimento é um dos documentos anexados pela PF no inquérito parcial que afirma que Temer cometeu o crime de corrupção passiva.
Funaro é uma peça-chave para a investigação. Ligado ao ex-deputado Eduardo Cunha, ele operava no esquema dos investimentos bilionários da Caixa para empresas, no FI-FGTS.
Ele afirma que Temer sabia de tudo. Há um detalhe importante: ao vincular os valores de campanha, seja caixa um ou caixa dois, com dinheiro da Caixa, as acusações são de propina, de acordo com entendimento da Lava Jato.
Foram R$ 20 milhões em 2012 e 2014, com "orientação/pedido"de Temer. Aqui o trecho em que Funaro resume o caso:
Em outro trecho do depoimento, Funaro diz que, no total, levantou R$ 100 milhões para o partido.
Funaro, que quer fazer um acordo de delação premiada, afirma ainda que de fato ocorreu uma das mais graves acusações da Odebrecht contra Temer.
Trata-se do episódio no qual a empreiteira acertou percentual de comissão em troca de contrato com a Petrobras. Isso é importante porque é uma circunstância que coloca Temer diretamente no caso. Segundo a Odebrecht, Temer estava na reunião que tratou da propina. O presidente confirma a reunião, mas nega o acerto.
Moreira Franco
Lúcio Funaro atinge ainda o núcleo do governo Temer. Ele diz que deu dinheiro vivo a Moreira Franco, atual ministro da secretaria-geral da Presidência e ex-vice-presidente da Caixa.
O doleiro promete contar todos os detalhes à PF. Ele não citou valores.
Há, ainda, inúmeras acusações contra Geddel Vieira Lima, ex-ministro da secretaria de Governo. Foram cerca de R$ 20 milhões.
O presidente Michel Temer nega todas as acusações feitas por Joesley Batista, da JBS. Ele disse tratar-se de mentiras e afirma que a JBS deixou de receber privilégios durante sua gestão.
Em nota, o ministro Moreira Franco negou as acusações e criticou Funaro. "Que país é esse, em que um sujeito [Funaro] com extensa folha corrida tem crédito para mentir? Não conheço essa figura, nunca o vi. Ele terá que provar o que está dizendo".