O presidente Michel Temer sofreu sua primeira derrota na votação da Câmara dos Deputados que pode levar ao se afastamento da presidência da República.
Temer foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República pela suspeita de receber propina do empresário Joesley Batista, da JBS. Para a PGR, o dinheiro dado pela empresa ao deputado Rodrigo Rocha Loures _ aquele flagrado com a mala da propina _ tinha como destinatário final Michel Temer.
Ao contrário de julgamentos comuns, no caso do presidente a abertura de uma ação penal significa seu afastamento do cargo. Para isso, o caminho é o seguinte: é preciso a autorização da Câmara e, depois, do Supremo para que a investigação se torne uma ação penal.
O primeiro passo desse processo foi dado nesta segunda-feira (10), na comissão de Constituição e Justiça da Câmara. O relator, Sergio Zveiter (PMDB-RJ), votou pela abertura do processo.
Esse voto tem duplo significado. Primeiro, a importância simbólica do voto do relator. Segundo, porque mostra que Temer não é unanimidade nem dentro de seu partido.
"Temos indícios que são sérios o suficientes para ensejar o recebimento da denúncia. Não é fantasiosa a acusação", disse o relator.
Zveiter afirmou ainda que o arquivamento da denúncia não representaria o fim da crise política. "Impedir o avanço das investigações e seu devido julgamento seria ampliar perigosamente o abismo entre a sociedade e as instituições."
DEFESA
Na mesma sessão, os deputados ouviram o advogado de Michel Temer, Antônio Mariz. Ele fez duras críticas ao relator, que defendeu, que, na dúvida, o processo deve ser aberto em favor da sociedade.
"Não há sociedade alguma que tenha o direito de achincalhar e colocar na cadeia a honra de alguém", afirmou o advogado.
Mariz desafiou ainda a PGR a comprovar quanto Temer recebeu dos R$ 500 mil pegos por Rocha Loures. "Não há um níquel sequer˜, diz o advogado. "O conteúdo é um nada acusatório".
MANOBRA
A votação final na Comissão de Constituicão e Justiça deverá ficar somente para quarta-feira e só depois o plenário irá analisar.
A base governista fez uma manobra e o partido PR trocou quatro de seus cinco membros, de forma a garantir votos favoráveis na comissão. Isso causou a ira do deputado Delegado Waldir, de Goiás, um dos que ficaram de fora.